Não estou justificando o Felipão, membros da Comissão Técnica, jogadores... nada disto. Todo mundo acha que a seleção brasileira tem de ser repensada. Também acho. Mas a imprensa poderia, também, pensar em se repensar. Tenho observado, em entrevistas, há longo tempo, que integrantes da imprensa ou perguntam movidos por alguma paixão, ou não sabem perguntar. Selecionei algumas perguntas formuladas, depois do desastre e no último jogo, e que eu gostaria de ter visto respondidas de modos diferentes. Vamos lá:
Na véspera do jogo com a Holanda, um repórter perguntou ao Felipão que expectativa ele tinha do comportamento dos jogadores, no último jogo, no dia seguinte. Não me lembro da resposta, mas não foi a que gostaria de ter ouvido, a qual seria:
- Preparamo-nos para nos comportar adequadamente. Mas não posso prever o comportamento da seleção, no dia seguinte. Se pudesse, teria mudado tudo antes do jogo contra a Alemanha, para que não acontecesse aquele horror.
Mais uma: um repórter perguntou ao Luiz Gustavo, depois do último jogo, como ele iria ver aquela situação, depois de alguns anos. Não me lembro da resposta, também. Concentrei-me naquilo que penso poderia ter sido respondido:
- Não faço a menor ideia. Só irei saber depois que tiverem passado esse anos a que o senhor se referiu.
Por último, em pergunta feita ao Felipão, quando da entrevista coletiva, o repórter abriu sua manifestação dizendo que falava, não só em nome de um colega, mas também como representante do povo brasileiro, e perguntou se o treinador se achava ainda em condições de dirigir uma seleção (mais ou menos isto). Felipão calou-se e o repórter insistiu: o que o senhor me responde. Felipão disse:
- Nada.
O que penso que poderia ter sido respondido:
- Não posso responder a essa sua pergunta, porque não sei que mandato o senhor detém, para dizer-se representante do povo brasileiro.
Tudo isto faz-me lembrar de um episódio envolvendo minha filha e meu genro, passeando em Portugal. Perguntaram a uma senhora se ela sabia onde ficava determinado lugar: resposta lúcida da luzitana:
- Como poderia saber, se nunca lá estive?
O que acho: a FIFA, a CBF, o Felipão, o Parreira, podem até ser prepotentes. Mas tem jornalista que se acha!
Nenhum comentário:
Postar um comentário