14 de jul. de 2014

FOI MUITO PIOR DO QUE CINQUENTA

grey LOGO da COPA do MUNDO 2014   Símbolo da Copa no BrasilNas três primeiras copas do mundo - 1930, 1934 e 1938, a seleção brasileira ficou em terceiro lugar apenas nessa última. Nas duas anteriores, não ficou entre as quatro melhores colocações. Chegou à copa de 50, depois de doze anos de interrupção da sequência de copas, com um magro terceiro lugar na copa de 38, sem tradição de "vencedor". Não posso dizer daquela copa de 50, porque era uma criança, vivendo em Belo Horizonte - centro futebolístico muito distante do brilho de Rio e São Paulo, inclusive quanto a comunicações (no máximo, um radio cheio de válvulas). Mas o que ouço foi que a decepção da derrota para a seleção uruguaia foi muito grande. Penso que foi grande pela expectativa construída durante aquela copa, e não por prestígio pré-existente. A campanha apresentou números muito expressivos: 4 x 0 sobre a seleção mexicana; 2 x 2 frente à seleção suíça e 2 x 0 frente à iugoslava (8 gols a favor, 2 contra); na rodada final, 7 x 1 sobre a seleção sueca, 6 x 1 sobre a espanhola, e o "fatídico" 1 x 2 contra a seleção uruguaia (14 gols a favor, 4 contra). Números impressionantes para um vice-campeão que nunca estivera na ponta, antes. E no final, a derrota para a seleção uruguaia foi fatal para a expectativa de ser campeã, mas a seleção perdeu um único jogo e por um placar modesto (2 x 1). Sabemos que o "vice" doeu muito, apesar da expectativa não ter fundamento de histórico em copa do mundo. A expectativa foi construída durante a copa.
Em 2014, a expectativa começou por  um lindo currículo de único penta-campeão em copas do mundo, e assentada na última copa das confederações. Não deixou de haver, também, referências a uma provável "vingança" da copa de 50, ante a possibilidade de a seleção brasileira sagrar-se campeã, em território nacional. Daí para as declarações de que estávamos com a mão na taça, de que tínhamos obrigação de ganhar, da possibilidade de Neymar vir a ser o melhor jogador da copa, uma grande expectativa passou a ocupar todos os noticiários, os comentários e, principalmente, a publicidade.
Mas passar apertado pela fase de grupos, com a trave salvando a seleção brasileira duas vezes no mesmo jogo, perder de 7 x 1 para a seleção alemã e de 3 x 0 para a holandesa foi depressão demais para um estado de euforia que não se baseava em qualidade esportiva, mas num retrospecto de cinco campeonatos e no sucesso na copa das confederações. Pode ser muita coisa mas não é concreto. Um passado de glórias não corresponde, necessariamente, a um presente brilhante.


Imagem: PONTOXP.

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