No "Bem Amigos" de ontem, foi comentado retorno de Dunga ao cargo de técnico da seleção brasileira. Marco Antônio Rodrigues criticou manifestação do técnico, falando ao "Fantástico", quando falou sobre bonés usados por jogadores de futebol em entrevistas. Salientou que, em vez de falar em estratégias, modo de jogar e coisas que tais, veio falar de boné, que é coisa que não tem qualquer importância, que não ganha nem perde jogos. Pelo que entendi, desaprova absolutamente o retorno de Dunga. Sobre isto, respeito-lhe a opinião.
Desde antes da copa de 2010, acho que a Globo - com seus contratados participando, claro - tem uma pinimba com o Dunga. Falei disto aqui no cadikim (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2014/07/dunga-e-imprensa-quando-um-chefe-gaules.html).
Pelo que ouvi de Dunga, na entrevista, a bronca não é com o boné. É com o fato de tirar o foco do jogador do tema principal, que é a seleção brasileira. Dunga foi claro: "o foco é a seleção brasileira". Disse que os jogadores deverão dar entrevistas com o boné da seleção brasileira. Ou não dar. Afirmou que jogadores de outras seleções vão à entrevista "de cara limpa" e que os brasileiros deverão comportar-se pela mesma forma. Importante é que, em todo o período de preparação para a última copa, os jogadores brasileiros participaram de campanhas publicitárias. No caso de Neymar, principalmente, a freqüência é muito grande. Sempre pensei que isto não só desvia a atenção do craque do foco principal, como, também, que lhe atribui uma enorme responsabilidade. Falei disto há bastante tempo, em "E se Neymar tiver um piriri?" (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/07/e-se-neymar-tiver-um-piriri.html). Há outros episódios posteriores, envolvendo Neymar, em que o garoto propaganda supera o craque.
Feito o comentário, pergunto: Dunga estará certo? Pode ser que sim, pode ser que não. Assim como aconteceu com Felipão, com Parreira, com Zagallo... Ora deu certo, ora não.
Rememorei um fato ocorrido com a seleção argentina, 1998: Daniel Passarella era o técnico e decidiu que os jogadores não poderiam usar cabelos longos, nem brincos. Fernando Redondo e Claudio Caniggia preferiram ficar de fora e manter seus cabelos. Gabriel Batistuta submeteu-se e foi à copa. A seleção argentina não venceu aquela competição. Em 2002, Fernando Redondo preferiu não integrar a seleção de seu país, alegando que a programação do Real Madrid, onde jogava, não lhe permitiria preparar-se adequadamente. Novamente, a seleção argentina ficou pelo caminho. Por causa da ausência de Redondo? Claro que não é possível avaliar. Lembro o episódio, mostrando que o jogador pode escolher se se enquadra ou não nas exigências de um treinador (ou de uma comissão técnica, ou de uma confederação). Não acho que cabelos longos ou curtos ganhem ou percam uma copa. Mas, no caso atual, não se trata disto, e sim de foco na seleção brasileira. Dunga poderá estar errando quanto ao foco que indica (penso que não). Mas está sendo coerente.
Foto: bomdiaRS.com
http://jornalbomdiars.com.br/dunga-e-o-novo-tecnico-da-selecao-brasileira/
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