Uma dos modos mais fáceis de dominar um povo é a linguagem. Os romanos tentaram - e conseguiram em grande parte - que os povos "bárbaros" falassem latim. Acabaram conseguindo que boa parte dos europeus falassem línguas que derivaram do latim - italianos, franceses, espanhóis, principalmente. Outros povos não aderiram, mas suas línguas têm indisfarçável influência latina.
Quando a gente diz "agora você falou a minha língua", nem sempre quer dizer "agora eu entendi". Vale mais como "agora você me entendeu", ou seja, "está tudo dominado".
Por outro lado, pode ocorrer de uma pessoa falar como fala um segmento social inteiramente estranho a ele, para conquistar simpatias nesse seguimento.
Foi o que aconteceu com a Presidente da República, recentemente, mandando um "é tóis" para o Neymar.
Fiquei curioso. Procurei saber o que significa. Encontrei no google, no Dicionário Informal: "estou com você", "estamos juntos" e, mais especificamente, "é nóis".
Uai, sô! Então, podemos dizer que "é nóis" é uma corruptela de "somos nós", enfatizando uma espécie de domínio. E que "é tóis" é corruptela de "é nóis", ou seja, corruptela da corruptela. Expressão consagrada por pessoas cujo modo de falar passa distante da norma culta, e nem chega perto da coloquial comum. A maior autoridade do país, adotando essa linguagem - atitude de populismo - pode aproximá-la daquele segmento que, achando-se no auge do entusiasmo, brada, ou gesticula "é tóis" (a expressão pode ser gesticulada). Mas esse mesmo segmento, que não tem a linguagem culta, ou coloquial menos pobre, pelo menos, não consegue aproximar-se daquela grande autoridade. Propósito?
Foto: globo.com
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2014/07/torcedores-chegam-ao-mineirao-com-mascara-de-neymar-para-semifinal.html
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