30 de abr. de 2012

EDUCAÇÃO NO FUTEBOL (OU MELHOR, FALTA DE)


Final de campeonato é sempre muito tenso. Vida de jogador
ANTIGO ESTÁDIO INDEPENDÊNCIA
 de futebol é muito dura! Não vejo os mesmos sinais de esgotamento, psicológico,
principalmente, em finais de volei. Deve haver algum fator que faça a diferença.

Três acontecimentos chamaram-me mais a atenção, ontem, no que diz respeito a pouca educação.
Primeiro, no jogo Cruzeiro x América, para definir o segundo finalista do campeonato mineiro. Ao final, o Wellington Paulista desentendeu-se com um jogador do América. Não vi quem começou a encrenca. Mas, no final, foi difícil segurar o Wellington. Queria porque queria briga. Tenho observado o Wellington. Encrenqueiro, provocador, abusa dos recursos violentos. Ontem mesmo, em uma jogada envolvendo o lateral esquerdo do América, fez um movimento de corpo para a esquerda, esquecendo a bola e lançando-se sobre o corpo do adversário. Com o choque, caiu. O juiz marcou falta a favor dele. O comentarista concordou que a falta fora do americano. Parece que nenhum dos dois notou porque, na repetição do lance, continuei achando que a falta fora do Wellington. Pode ser que eu me tenha enganado. Se se prestar atenção ao comportamento dele, dará para ver que até poderia ser melhor com a bola, se deixasse de privilegiar sua força física.
No jogo Santos x São Paulo, um jogador do São Paulo fez falta no Neymar. O Neymar está apanhando muito e, infelizmente, tem de espetacularizar suas quedas. Juiz costuma só dar falta quando a "vítima" estrebucha. Cair só não basta. E ainda corre-se o risco de levar um amarelo, porque o árbitro entende que é cinema (parece-me que os juízes criaram a necessidade de fazer cinema; e nem se mancam quando o jogador que, após estrebuchar, sai de maca, logo que ultrapassa a linha do campo levanta-se, lépido e fagueiro, e já quer voltar ao jogo). Nessa falta, o juiz aplicou o amarelo no faltoso, que já estava amarelado e, então, avermelhou. Veio um outro jogador do São Paulo e encarou o juiz, com o dedo indicador em riste, quase no nariz do juiz (aproveitem aí, compositores, porque nariz do juiz pode dar um sambinha).
O terceiro evento foi o destempero do Wanderley Luxemburgo, no Gre-Nal. Um gandula colocou a bola na marca do escanteio e o jogador do Inter cobrou imediatamente. Foi o bastante para o Wanderley ir tomar satisfações com o gandula. Não sei se o gandula estava certo ou errado. Vejo gandulas colocarem a bola em cima da linha lateral, quando deve ser movimentada dali. Vejo semelhança em se colocar na marca do escanteio, quando a bola deve ser movimentada dali. Se o gandula fizer assim durante todo o tempo de jogo, e para os dois lados, sem "engordar" tempo quando o time dele está ganhando, não vejo problema. Mas admito a ideia de que o treinador, ou o jogador do time adversário não ache legal. Desde que recorra àquele que até é chamado de mediador, para que ponha cobro em atitudes antiesportivas.
O que me tem incomodado, há algum tempo, é o fato de técnicos e jogadores arvorarem-se em árbitros, tomando medidas que são da competência do juiz: admoestar o adversário que caiu na área, quando acham que é simulação; intervir nas atividades dos gandulas; admoestar o juiz, muitas vezes ao berros... Acho que é entrar em seara alheia.


Foto: 
CURIOSIDADE: Penso que muitos não sabem por que o Estádio tem o nome de Independência. Faz de conta que a maioria não sabe, mesmo. Primeiro: chama-se Estádio Raimundo Sampaio Para os íntimos, Independência, porque pertencia ao Sete de Setembro, clube do qual Raimundo Sampaio foi presidente. Fui conferir na Wikipédia, sim, para ver se minha memória não estava batendo pino. Não estava. Frequentei aquele estádio até por volta de 1963, quando saí de Belo Horizonte, para voltar em 1970, em plena era do Mineirão.

CONCEITOS

Conceituar com precisão é uma das coisas que acho mais difíceis. Há conceitos que contêm palavras ainda não conceituadas. Aí, o entendimento fica prejudicado. Sempre que vejo um conceito qualquer, preciso ou impreciso, ou que minha inteligência não consiga alcançar com precisão, lembro-me do Professor Artur Versiani Veloso, no Colégio Estadual de Belo Horizonte, década de 1950, cadeira de filosofia. Falava muito de sua terra natal - Montes Claros - e da gente de lá. É claro que não poderia deixar de falar de mineirice. Conceito? Ah, sim! Deu-nos um conceito que considero absolutamente preciso de "hipótese", obviamente em mineirez:


"Hipote é um trem que num é, mais a gente fais de conta que é, pra vê se fosse cumé qui ficava".


29 de abr. de 2012

FUTEBOL MINEIRO COMO NOS VELHOS TEMPOS


Assisti ao jogo Cruzeiro x América, hoje, pela TV. Ao América bastava o empate para habilitar-se à final do Campeonato Mineiro deste ano. Venceu e está lá. Como nos velhos tempos, o América disputa uma final com o Atlético. Nos últimos quarenta anos, as disputas finais foram, em grande maioria, Atlético x Cruzeiro.
Antes disto, América e Atlético revezavam-se nas posições de campeão e vice-campeão. Foi o período em que os dois clubes predominaram no futebol mineiro. Antes, houve um período em que o América foi absoluto: deca-campeão. Não sei se é inveja dos adversários, mas já ouvi dizer, há muitos anos, que não houve dez campeonatos entre 1916 e 1925. Simplesmente, houve anos em que o campeonato não foi realizado. Aí, o América permanecia campeão, na falta de outro. Mas na página eletrônica oficial do clube, está, em uma faixa adornando o escudo: Decacampeão 1916 - 1925 (foto). Folclore reforça qualquer história. Não estava presente, ainda (semente, eu hein?). Comecei a conviver com o América por volta de 1951. Nadava e assistia aos treinos e jogos de futebol. Vi jogadores serem promovidos ao time titular, durante algum treino. Vi surgirem - e serem transferidos para o futebol português - Miltinho e Osvaldo Mamão. Vi despontar um cracaço, ponta direita, Geraldo, que foi atingido por um tiro e levado às pressas ao hospital. Teve sorte, porque o estádio, na Alameda Álvaro Chaves, ficava pertinho do Pronto Socorro. Mais tarde, mudou-se para os Estados Unidos, onde veio a falecer, vítima de um acidente. Vi Harvey e Otávio - o então famoso "Baião de Dois" - que, depois de transferidos juntos para o Palmeiras, não conseguiram a mesma fama no futebol paulistano. Vi Cazuza, um lateral esquerdo muito bom. Vi Zuca surgir como bom jogador, nos treinos e, como craque, em um América x Atlético, quando fez dois gols, um em cima do outro e virou para 2x1, resultado final. Acabou tranferido para o futebol argentino. Vi Ernani, Miguel, Gunga, Zuca e Dodô, ataque que eu chamava de "linha de costurar smoking". Só Dodô era branco - a agulha. Ah, é claro que vi Jair Bala. Penso que jogava tanto quanto o Tostão, só que mais esguio, corria mais e cabeceava bem. Andou pelos grandes times do futebol brasileiro: Flamengo, Botafogo, Santos, Palmeiras, Cruzeiro... Penso que poderia ter ido mais longe. Jogava demais!
Poxa! Esse escrivinhador aí deve ser americano!
Não! Não sou. Aliás, não torço mais para time algum, nem moderadamente. A organização do futebol não merece. Tenho muita pena daqueles pobres torcedores muito pobres que vejo pela TV, sofrendo muito, quando seu time não consegue evitar uma derrota. Fui um atleticano mais que moderado, que ia ao Mineirão ver e aplaudir aquele Cruzeiraço de Tostão, Dirceu, Piaza, Zé Carlos, Evaldo...
Ainda sou amante do futebol - um futebol brasileiro que sente muita falta de jogadores como aqueles e outros que nos encheram os olhos - Garrincha, Nilton Santos, Pampolini, Quarentinha, Didi, Amarildo... (Botafogo) Pagão, Del Vechio, Tite, Álvaro, Afonsinho, Jair da Rosa Pinto (Santos),  Rubens, Evaristo, Índio, Dequinha, Joel, Dida, Moacir (Flamengo), Mauro, Dino Sani, Canhoteiro (São Paulo), Cabeção, Luizinho - o Pequeno Polegar, Flávio, Ditão (Corinthians), Ademir da Guia, Dudu, Tupãzinho, Djalma Santos (Palmeiras), e daquele timaço do Santos, em 1962, sete jogadores na Seleção Brasileira campeã do mundo. Sem falar em outros mais modernos (já antigos, também, só que menos do que eu). A memória não é curta, o espaço é. Poderá alguém dizer que é puro saudosismo. Admito, embora sentir saudade não seja minha praia. Passado é passado. O futebol era mais bonito, mesmo. Podia não ser tão corrido. Nem tão violento. Acontece que nunca me liguei nem em velocidade, nem em violência (embora esteja certo de que tenho dentro de mim um bicho muito feio que vivo puxando pelo rabo).
Está sendo muito bom dar um trato à memória. Aproveitei-me de que teremos América e Atlético na final do Mineiro, de novo. Torço muito para que o América se organize, desenvolva o melhor trabalho possível, não para o próximo jogo, mas pensando em dez anos à frente. E que Atlético e Cruzeiro voltem a não ter de fugir do rebaixamento. Minas Gerais precisa muito ter pelo menos três times de futebol de alto nível. Se outros vierem, será bom demais!

EDIÇÃO EM 28 Set 2013: Como as coisas mudam depressa, meu Deus! O Galo, campeão da Libertadores, "tenteando" no Brasileirão, mas em boa condição, ainda; o Cruzeiro na cabeça, com boa vantagem e um time muito bom; o América dando o que tem e o que não tem para tentar voltar à primeira do Brasileirão. Tomara que consiga!

Bandeira do América: arte arena.

27 de abr. de 2012

ARTE POÉTICA - CÍCERO CHRISTÓFARO


Mundico Gargalhada
Cícero Christófaro é meu irmão caçula. Caçula só na cronologia. Durante muito tempo, freqüentou uma moita. Através da google (ainda tenho dúvida se é "do" ou "da"), fiquei sabendo de muita coisa boa que ele produziu, em arquitetura, que não me contava, nem no pau de arara. Como estou fora de Belo Horizonte desde 1980, acabei ignorando muitas coisas a seu respeito. Sabia que escrevia, em vários gêneros. Prosa, poesia, letras e melodias de músicas (há pouco tempo, participou de um concurso, na Rádio Inconfiência de BH, se não me engano e teve uma obra gravada e levada ao ar; não sei bem, porque ele deixou na moita; pressionado, revelou que gravou sim). Ah! Cícero inventou de conhecer, produzir, vender, cuidar, ensinar... orquídeas. A imagem que vai aqui não é comercial. Mas, se alguém achar de ir atrás...
Como estou incrementando este blog, pedi-lhe que me autorizasse a publicar produções suas. Estamos inaugurando hoje.

"Insite", em 1984:

Nasci
Vivi
Morri
Nem por isto me dei mal

Dialogando com Cecília Meireles:

Cecília Meireles (última estrofe de Cantiguinha):

São dois rios os meus olhos
- te juro -
noite  e dia correm, correm
mas não acho o que procuro

Cícero Christófaro (dizendo-se um pouco mais otimista), em fevereiro de 1986:

Meus olhos
(revendo os da Cecília Meireles)

São dois rios os meus olhos
Vejo, vejo, vejo
Há coisas que quase adivinho
Procuro (já sem angústia)
Todo dia acho um pouquinho.

Imagem: Habitat Orquídeas
http://www.habitatorquideas.com.br/


CPMI DO CACHOEIRA

Vai acabar conhecida como CPI do Cachoeira. O que vi e ouvi pela TV Senado, na sessão da CPMI, gravada no dia 25 (foi ao ar hoje, ou foi "replay"), é que a CPMI foi instalada para investigar as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. Ocorre que alguns preferem outros nomes. Por exemplo: no Portal Vermelho (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=181633&id_secao=1), que encontrei em aleatória busca, está: "CPI do Cachoeira/Demóstenes realiza sua primeira reunião". CPI é mais fácil de falar do que CPMI. Logo, por tradição, pode-se optar pela fórmula mais simples. No fim, fica tudo a mesma coisa. Quanto a "Cachoeira/Demóstenes", não sei se está considerando essas duas pessoas como as mais importantes do caso, ou se está querendo fazer entender que só esses dois aí são responsáveis e únicos envolvidos.
Vai acabar CPI do Cachoeira, mesmo.
Tenho mania de assistir a alguns dos debates que a TV Senado mostra. Principalmente CPI e CPMI. Já falei aqui que, nos últimos dez anos, tenho assistido, por essa emissora, a mitas conversas de malandro pra delegado, principalmente em CPI. Vou continuar assistindo, por mais revolta que isto me cause.
Há aspectos positivos. Vê-se que a Democracia e o respeito a ela são alguns desses aspectos. Na CPI do Cachoeira, um fato que achei dos mais interessantes foi a presença do Senador Fernando Collor de Mello. Preconceito? "Pode muito bem fô". Parece que a Democracia viabiliza isto. Afinal, há alguns casos legais de reabilitação. Este não seria um deles? Mas que eu acho estranho um investigado, julgado e condenado participar de julgamento de pessoas acusadas de corrupção ativa e passiva, além de outras coisas, isto acho. Para mim, seria como instituir um tribunal popular para julgar juízes e/ou promotores de justiça, e escalar o "Fernandinho Beira Mar" para integrar esse tribunal, depois que tivesse cumprido a pena. Não me cai bem.
Uma outra idéia sobre a qual fiquei pensando: como são denominados os membros da CPI? Apenas membros? Senadora ou Deputada será "membra"? (ouvi esta expressão em Belém do Pará, para designar aquilo mesmo). Acho que fica esquisito. CPI é Comissão Parlamentar. Comissão já um nome que assusta, quando se fala de agentes públicos. Nem pensar, pois, em título que possa derivar de comissão. Melhor tratar apenas por parlamentar.
Mas vamos a algumas coisas que ouvi, na sessão da "CPI do Cachoeira".
A primeira coisa que me incomodou (incomoda sempre que assisto a qualquer sessão) é o vozerio que, muitas vezes, impede que se ouça o que um parlamentar está falando ao microfone. Não é raro um deputado ou outra pessoa aproximar-se do Presidente e falar com ele, enquanto um parlamentar está discursando. Será de propósito, para distriair-lhe a atenção? E as conversas paralelas? São muito freqüentes. Ora, se os deputados e senadores apresentam síndromes de falta de educação, não podemos reclamar de a educação estar colocada em segundo plano, ou outro "mais pior" (valeu, Sérgio Porto!), em nossa sociedade.
Outro incômodo - acho mesmo que é desperdício de tempo - é a rasgação de seda. Cada parlamentar que se apresenta para falar começa cumprimentando Presidente e Relator, desejando sucesso e pondo-se à disposição. Não seria mais rápido e prático instituir um ritual, quando da abertura da sessão, parlamentares de pé, braços direitos estendidos na altura do ombro, jurando colaboração e fidelidade às autoridades da CPI? Mais rápido, mais objetivo... É verdade que tiraria de nós a possibilidade de poder ouvir - e ver - o parlamentar, na tela da TV Senado, por pelo menos dois minutos. Acho que a gente superaria isto.
Aconteceu, também, de pelo menos um parlamentar ter chegado atrasado. Pediu informações sobre os métodos que a CPMI adotaria. O Presidente falou - já havia falado, repetido, repetido... - que, na próxima quarta-feira, cada parlamentar receberá uma Cartilha da CPI, que conterá informações completas, incluindo procedimentos (ele não deu título à Cartilha, mas acho que fica legal e estou sugerindo).
Achei interessante, também, que um parlamentar, alegando que é preciso ouvir  Carlinhos Cachoeira, o quanto antes - o que achei correto - disse que, a esta altura do campeonato, o contador do Carlinhos está nos Estados Unidos, informando que dispõe de informações que comprometem meia República.
Eu, aqui na minha parcimônia, acho que pelo menos a metade da República já está comprometida, desde outros carnavais. Não falam em Cachoeira como "empresário de jogos"? Desde sempre soube que governos andam de mãos dadas com a contravenção. Não vou desfiar o que sei, aqui para vocês.
"Só falarei em juízo!". Legal, não é? Se mencionarmos nomes conhecidos de pessoas muito bem relacionadas socialmente, explicitamente, ou como presidente de escola de samba, ou como presidente de clube de futebol, iremos encontrar bicheiros famosos. Apareciam nas revistas, na televisão. E ninguém escondia que eram bicheiros. Quem deixou que a atividade proliferasse, desenvolvesse, etc., etc.? Os agentes do poder, obviamente. O contador do Cachoeira poderá estar se referindo a metade da República atual. Mas não é só a metade da República atual, não. É a metade da República mesmo (sabendo-se que a República é uma instituição e que o bem e o mal que promove passam de geração para geração). Ainda hoje, depois de conversar com um ex-agente público, imaginei que os administradores públicos deixam atrás de si rastros de bem e de mal. E que esses rastros são indissociáveis da instituição.
Finalmente: um parlamentar falou da necessidade de investigar, já que há envolvimento de muitas autoridades - e disse expressamente - agentes públicos, juízes, promotores, ... etc., etc.. Ora, se ele sabe de tudo isto, então não precisa mais investigar. Ele ja sabe! Ou será preciso "sentá-lo no piano?" Será que é só ele quem sabe? É pralamentar!

Foto (a coisa está preta, hein? mas os prédios estão iluminados).
Ficheiro:Congresso Nacional BR noite.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Congresso_Nacional_BR_noite.jpg

26 de abr. de 2012

DICRÓ - O ÚLTIMO DOS MALANDROS IN CONCERT


Malandro é malandro,
mané é mané!
Dicró foi a personificação
do malandro.
Conheci Dicró na década de 1970, quando morava em Belo Horizonte. Meu amigo Toti apareceu em minha casa, levando uma fita cassete. "É a sua cara", disse. Acho que é mesmo. Sempre gostei de músicas alegres e engraçadas. Acabei conseguindo um vinil do Dicró. E mantive um relacionamento musical com ele, durante muito tempo. Sem qualquer contato pessoal. Conheço uma boa parte da obra e sempre achei graça em suas aparições na TV, sempre com muito bom humor. Nada produzido. Era sempre o próprio. Uma das mais engraçadas foi quando morreu Bezerra da Silva. Foi num dia 17 de janeiro Não me interessam muito as datas, mas os fatos; nesse dia, a data foi importante. No velório, com aquela cara sacana que o caracterizava, Dicró falou: "Olha aí! Esse crioulo é 1-7-1 mesmo! Morrer logo hoje! 17 de janeiro" (17 do 1 - verdadeiro 171).
Pois morreu ontem o último dos malandros in concert. Três Malandros In Concert foi o título do album em que contravocalizam Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró. Os dois primeiros já foram bater continência para Noel.
Se é verdade o que o Billy Blanco disse em seu samba "Prece de um Sambista" (colhido no livro "Tirando de Letra e Música", do Billy),



Quando morre um sambista,
no céu é motivo de festa,
pois os anjos que são da seresta
se alegram também.
E em meio de tanta alegria,
todo o Céu se transforma em terreiro,
os clarins dão lugar ao pandeiro
que marca a chegada de alguém.


Vai por aí, exaltando o Noel que, tendo chegado primeiro, é o chefe do santo terreiro de Nosso Senhor.
Dicró já está lá. Saravá, Dicró!
Não posso deixar de transcrever, de memória, a primeira música dele, que aprendi. Chama-se "Joãozinho E Sua História". Vamos nesta:

Novamente Joãozinho repetiu o ano
Sobre história do Brasil
Só disse besteira
E entrou pelo cano

Disse que Pedro Cabral
Rezou a primeira missa
E Pero Vaz de Caminha
Não quis molho no pão com linguiça
Que Anchieta morava na Penha
E era cabo da marinha
Quanto ao rei Dom Manoel
Tinha um carro de praça
E criava galinha

Novamente Joãozinho repetiu o ano
.........................................

Tiradentes era protético
E por isso foi em cana
Protestou contra a pimenta
contra a gasolina e o angú à baiana
Depois deixou que a Lei Áurea
Fosse assinada pela Marta Rocha
Pedro II pintava parede
Passava o dia agarrado na brocha

Novamente Joãozinho repetiu o ano
.........................................

Ele disse que "Zé" do Patrocínio
Não perdia um jogo no Maracanã
Desfilava na Mangueira
E de Aracy de Almeida era fã
Ari Barroso fez independência
E Tamandaré foi ser beque do Vasco
Rui Barbosa comprava cerveja
Bancava o esquecido e ficava com o casco

Novamente Joãozinho repetiu o ano
.........................................

Foto: A Tela da Reflexão.





25 de abr. de 2012

CHAMPIONS LEAGUE: ESPANHA FORA?

É! Espanha fora! Nem Real Madrid, nem Barcelona! Nem Kadá e Marcelo! Nem Cristiano Ronaldo! Nem Daniel Alves e Thiago Alcântara (este naturalizado espanhol). Nem Messi!
O que terá acontecido? Muita gente surpresa? Claro que sim. Ninguém se acostuma com as peças que o futebol prega na gente. Todo mundo imaginava que o Barcelona ganharia, em Londres. Perdeu. Todo mundo achava que, em Barcelona, seria diferente. Foi: empatou. Com o Ramires marcando à la Messi (toquezinho sutil, cobrindo o goleiro).
Comentando o jogo de Londres (COMO ESTÁ O NOSSO FUTEBOL - postagem de 19 deste mês, http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/04/como-esta-nosso-futebol.html), disse que o esquema tático do Barcelona, de meter-se no meio campo do adversário, no ataque, acaba submetendo o Barça a fazer faltas, no meio do campo, quando o adversário toma a bola. Comentei que o esquema do Barça é nada inocente: é só o adversário tomar a bola e partir em contra ataque, vem falta do Barça, para interromper o jogo. Acho que é anti-jogo.
Observando o jogo de ontem, pensei em outras coisas (podem achar absurdo, que não me incomodo). O Barcelona é time de uma jogada só. Como? Mas e aquele carnaval que os craques fazem, no campo do adversário? Uma jogada só? É sim: uma jogada só. Ocupar a metade do adversário, espremê-lo em seu campo, e ficar trocando bola, até surgir a oportunidade de uma arrancada do Messi, ou de um passe na medida, na cara do gol. Lindo! Eficiente! Plástico! Mas uma jogada só. Não me lembro de ter visto o Barcelona fazer um gol em contra-ataque. Se ele se planta no campo do adversário, procura recuperar a bola ali mesmo, ou faz falta para impedir que o adversário avance, como é que vai contra-atacar? O Barcelona só ataca. É time de uma jogada só.
E a defesa? Fica bastante desguarnecida. É exatamente por isto que recorre às tais "faltas táticas". Se o adversário conseguir passar, a situação fica difícil para o Barcelona.
Os jogos contra o Chelsea parecem ter confirmado isto. Em ambos, a vida do Barcelona foi muito dificultada. Mesmo assim, marcou dois gols, em seu campo.Mas não falei que o Barça é timinho de uma jogada só. É um timaço de uma jogada só.
Vamos pensar, então, nos três gols do Chelsea: em Londres, Drogba marcou depois de receber, na cara do goleiro e sem marcação, uma bola que Ramires conduzira desde a linha central, sem qualquer adversário para combatê-lo (havia três espanhóis no caminho do último passe, mas nenhum deles marcava Drogba); em Barcelona, Ramires recebeu sem marcação, foi em direção ao gol e fez aquela beleza; depois, alguém do Chelsea deu um chutão e Fernando Torres foi atrás da bola (não foi um passe), alcançou, seguiu com ela, sem nenhum marcador à sua frente, driblou o goleiro e marcou. Ninguém na defesa, a não ser o goleiro.
Coincidência? Pode não ser. Pode ser que alguém esteja aprendendo a enfrentar o Barcelona.
Algum técnico pode estar observando o time e a tática.
Acho que é hora de o Barça variar.

Imagem: FIFAMANAGERBRASIL.
http://www.fifamanagerbrasil.com/t2868p555-ss-imola-campeao-da-champions-league-e-do-mundial-6-temporada

24 de abr. de 2012

A VERDADE E A FÁBULA

Lembro-me do texto e penso que está em um livro do Catullo da Paixão Cearense. Penso em um nome de livro do Catullo (A Verdade e a Fábula) mas não encontro. Acho "Fábulas e Alegorias". Acho que é isto. Não tenho o conteúdo. Como se trata de um dos textos mais belos que já li, vou repassar o que tenho na memória. Certeza de que foi escrito por Catullo da Paixão Cearense. Quando tiver certeza quanto ao nome do livro, voltarei ao assunto.





A verdade só é bem acolhida
quando dita por boca da parábola,
ou adornada com os ouropéis da fábula
que é, neste livro, a companheira sua.
Pois todos nós sabemos que a verdade
é a única mulher de eterna virgindade
que o homem não quer ver quando está nua.




Pode ser que minha memória esteja falhando, quanto a ser de autoria do Catullo. Li isto há muitos anos. Tenho certeza de que não é falha do HD.

Imagem: LIVRARIA DA TRAVESSA.
https://www.travessa.com.br/fabulas-e-alegorias/artigo/a2aba2b4-477a-4d0d-ad02-f20b97a604c0

22 de abr. de 2012

UM LABORATÓRIO NO ESTÁDIO DO MAMORÉ

Passei muito tempo sem freqüentar estádios de futebol. Prefiro a comodidade da televisão, que não se restringe a assistir ao jogo deitado, cômodamente. A ida ao estádio é razoavelmente tanquila. Para isto é preciso ir mais cedo e levar cuidados contra o sol forte. Mas achar um lugar para o carro, a exploração nas áreas de estacionamento improvisadas, a disputa e os preços dos "tomadores de conta" (sem que você tenha a garantia quanto à segurança do veículo), a procura de um lugar nas cadeiras ou na arquibancada, tudo isto começa a cansar. "É preciso muito amor", como diz o Chico da Silva. Mais amor ainda para assistir ao jogo com pessoas levantando-se à sua frente, passando para ir ao bar (ou voltar, às vezes entornando o refrigerante), exatamente quando de uma jogada de perigo, a favor ou contra seu time. A volta é muito demorada e cansativa. Sem falar da possibilidade de alguém mais estressadinho, inconformado com o resultado, causar dano ao seu automóvel. Nem vou comentar do risco ser ameaçado e até agredido em tumulto que aconteça por perto (coisa mais rara, nas cidades do interior).
Ontem fui assistir ao jogo Mamoré x Ipatinga, módulo 2 do campeonato mineiro, em Patos de Minas.
Verifico que, para assistir ao jogo, é melhor a televisão. Conforto, repetições de lances, em vários ângulos, poder comer ou tomar alguma coisa a qualquer momento, sem incomodar nem ser incomodado... Mas para conhecer o ambiente do futebol, é muito melhor ir ao estádio. É um verdadeiro laboratório.
Já falei sobre duas condutas absolutamente contraditórias de um mesmo torcedor, uma ocorrida menos de um minuto após a outra, tudo movido a paixão (Quando Impera a Paixão, http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/04/quando-impera-paixao.html).
Minha mulher e eu sentamo-nos ao lado de uma senhora que aparentava ter entre 50 e 60 anos de idade. Talvez nem fosse "classe c" (lamento mas é, atualmente, uma das poucas formas de dar uma idéia de pessoas,de personagens). Solitária, vestia a camisa do Mamoré. Como não tinha com quem falar, conversava baixinho, todo o tempo, com todos os jogadores do Mamoré: "vai, menino"; "volta, menino''; "ó o cartãozim amarelo"; "o pênalte é a nosso favor"... Não ouvi o que dizia, porque minha mulher era quem vizinhava com ela. Comentava comigo, às vezes. Pelo que me foi transmitido, a mulher não xingou nem criticou qualquer dos jogadores do Mamoré. Tratava-os por "menino". Comemorou cada gol e a vitória de seu time.
Achei muito bacana, uai. Um amor silencioso, quase introspectivo, porém manifesto e persistente. Declarações restritas apenas aos dois vizinhos de arquibancada. Muito sinceras, comedidas e respeitadoras dos profissionais que, muitas vezes, são xingados grosseiramente, quando não satisfazem as paixões dos torcedores (minha mulher observou um torcedor que xingava o rádio, colado ao ouvido, ou o narrador, porque, quando narrou a marcação do pênalte favorável ao Mamoré, falou que era a favor do Ipatinga).
Voltei com a intenção de ir mais aos estádios. Poderei ver muitas coisas desagradáveis. Mas a torcedora do Mamoré molhou minha alma. Com água benta.

Foto - Vista do Estádio Bernardo Rubinger, em Patos de Minas: Explosão do Rádio.
http://explosaodoradio.blogspot.com.br/
Sapo (símbolo do Mamoré): AG Esporte.
http://www.agesporte.com.br/mamore-comeca-com-o-pe-direito-no-quadrangular-final-do-modulo-ii/

20 de abr. de 2012

ONÇA EM OPERAÇÃO DE RECONHECIMENTO PERTO DO STJ




Onça parda circula pelo estacionamento do STJParece que tem nada a ver. O prosaico passeio de uma onça parda, pelas cercanias do STJ. Um animal desguaritado? Penso que é nada disto. Quase ninguém sabe, mas costumo ver fantasmas ao meio dia. Daí para pensar besteira, caminho curtinho.
Vejam só: no dia 12 de abril, o Superior Tribunal de Justiça negou o pedido de habeas corpus de Carlinhos Cachoeira (falta pouquinho para ser Carlinhos Tsunami). O dia 12 de abril aconteceu numa quinta-feira. Vocês sabem que de quinta a segunda, nada acontece em Brasília. No dia 17, terça-feira, a onça recolveu dar um rolé pelas bandas do mesmo Superior Tribunal de Justiça.
Terá sentido cheiro de carne frita?

Foto: Veja.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/onca-circula-pelo-estacionamento-do-stj-em-brasilia

DE NOVO?????!!!!!

Durante as discussões do mensalão, o que mais ouvi foi conversa de malandro pra delegado. Pela TV Senado!
Agora, temos outra maratona pela frente: a CPI do Cachoeira. Mensalão envolveu muita gente e, se bem me lembro, poucos partidos.
Acho que a CPI do Cachoeira vai ser um tsunami, levando muita gente, muito partido consigo.
Vamos ver o que esses caras irão fazer para safar a gata. Estou certo de que irão safar.
E não me venham dizer que não merecemos. Merecemos sim!
Ah! JK pode não ter tido o propósito. Mas a escolha de Brasília para a capital do país caiu como uma luva. Observem que é muito raro ver nuvens escuras sobre o Congresso. Apesar de tudo.


Ah! Pensam que a imagem é de uma tempestade? Nada disto! Está chovendo só na horta deles!




NOTA EM 19/04/2013: Amanhã, esta postagem faz aniversário. Por acaso alguém aí sabe aonde foi  parar este assunto?

Imagem: Metrópoles.

https://www.metropoles.com/conceicao-freitas/chovemos-todos-na-quarta-feira-magica-chuvareu-de-felicidades

LEON ELIACHAR ECOLÓGICO


A gente começa a reler livros antigos e descobre coisas que são referências modernas, como a ecologia, por exemplo. Billy Blanco foi um dos precursores da pregação ecológica. Há muitas letras de composições suas que falam de desmatamento na Amazônia (Billy era paraense) e de agressões à natureza no Brasil. Orgulhava-se disto e comentava em seu livro "Tirando de Letra e Música".
Agora, voltando a Leon Eliachar, encontrei uma referência bem humorada à ecologia, só que um tanto vingativa (o humorismo é, às vezes, mau e vingativo). Mas também poderá ter sido uma premonição.
Está lá no "O Homem ao Zero", em "Piadas Curtas para Inteligências Longas":

Raposo para a raposa:

"Olhe, meu bem, o que eu trouxe pra você: uma pele de homem".


Naquele tempo, não era imaginável. Agora, é!


Imagem: mdig - 17 anos diminuindo sua curiosidade.



 

19 de abr. de 2012

ATÉ OS RELÓGIOS ENDOIDAREM DE VEZ


A Globo vai endoidar nossos relógios. Até a novela Fina Estampa, era "a novela das oito". Desde antes, a Globo já estava esticando,
esticando... Acabou por começar a novela às nove, para terminar às 10, só se apressando um pouco nos dias de futebol. Mas era novela das oito. No final da Fina Estampa, já estava anunciando Avenida Brasil, "a próxima novela das nove". A Globo resolveu assumir? Aqui, oh! Estava preparando uma nova esticada. Por um motivo ou por outro, não tenho visto a "nova novela das nove". Hoje, assistindo a um jogo pelo canal de esportes, ficava alternando as duas emissoras, porque pretendia assistir a "A Grande Família". Mas fiquei de botuca, porque tinha observado que, um pouco depois das nove horas, ainda não havia começado "a nova novela das nove". Acabou o jogo, e nada de "nova novela das nove". Fui ver outras coisas. Às 10,30, passei pela Globo. Subiam as letrinhas da "nova novela das nove". Estou com muito medo de o futebol ir para a meia noite.


EDIÇÃO EM 19/04/2013: Aniversário da postagem! Salve Jorge começa depois das nove. Mas ainda é a novela das nove.

COMO ESTÁ NOSSO FUTEBOL?

Estamos preparando as cabeças para outra copa do mundo. A segunda no Brasil. Muita gente discutindo, questionando a qualidade do nosso futebol, os caminhos que estamos percorrendo, os jogos que a seleção vem fazendo, montão de coisas.
Quais os parâmetros? Seleções? Não sabemos muito, porque não temos enfrentado seleções de primeira linha. Clubes? Na América do Sul, nossa situação parece boa. A classificação do Santos para a final do mundial de clubes é um indicador favorável. Fora do continente, tivemos o jogo do Santos contra o Barcelona. O Santos ficou absolutamente perdido diante do Barcelona. Todo mundo viu e não há como comparar.
Agora, vimos o Barcelona perder para o Chelsea. A vitória deste foi mínima, sim, em termos numéricos. Não se pode deixar de louvar, no entanto, o esquema tático e o esforço dos jogadores do Chelsea. E não temos como evitar a idéia de que os jogadores do Barcelona não são anjos. Nem pensar em treinarem para fingir que são vítimas de faltas. Não se trata disto. Mas achei que fazem as tais "faltas táticas" (inviabilizar contra-ataques), com muita freqüência. Já tinha tido esta impressão, quando do jogo Santos x Barcelona, apesar das poucas oportunidades do Santos. Ontem, a impressão foi reforçada. Aquela tática de ocupar o meio campo do adversário é muito boa. Mas acaba submetendo o Barcelona a fazer faltas, quando o adversário toma a bola. O Chelsea conseguiu segurar a onda e ainda tentar umas poucas açõe ofensivas. Para mim, ficou a impressão de que já tem gente aprendendo a jogar contra o Barsa. E nós?

Edição em 12/06/2014: Vencemos a Espanha na Copa das Confederações. Sinal de que aprendemos a enfrentar os espanhóis? Poderemos saber em breve.

PENSAMENTOS DE LEON ELIACHAR

"Prefiro o regime da ditadura porque não tenho trabalho de ensinar meu filho a falar."

  "Sentir vergonha dos outros, menos que de si mesmo - porque os outros sempre vão embora."

Do livro "O Homem ao Zero".


Imagem: Antônio Ferreira - Leiloeiro Público.

18 de abr. de 2012

A LÁGRIMA E O SORRISO


Rútila lágrima pendente
de vagos olhos azuis
perdidos no horizonte,
pousou sua atenção, mui de-repente
em ledo sorriso dançante
em lábios rubros residente.



Perguntou a lágrima ao sorriso
Como e por que lhe era dado
Contemplar o mundo           
Em tão festiva janela,
Enquanto um outro sentir
Só em tristezas envolto
Embaciava um olhar 
Que era a nascente dela.




Respondeu-lhe o sorriso, atencioso,
que, para mostrar-se ao mundo,
de múltiplas expressões se vale o sentimento;
que a emoção que chega, sem aviso,
de dor ou de alegria, com a mesma intensidade,
pode ter, como arautos, a lágrima ou o sorriso.





Marco Comini, 24/03/2003.

Imagem (pra Fifi): Novidade Diária
http://www.novidadediaria.com.br/cultura/mascaras-de-teatro

ILUSÕES

Gosto de fotografia. Mas não sou um fotógrafo melhor do que o comum. Vai daí que procuro incluir na atividade uma forma diferente com que costumo ver algumas coisas, quando são de um jeito mas, por algum detalhe, podem ser vistas de modo diferente.
Resolvi publicar. Tem de ser a conta-gotas, porque não são muitas as imagens que tenho.
Em uma noite de inverno, tomando banho (quente, claro, que não sou de ferro), verifiquei uma condensação de vapor no espelho do banheiro. Parecia um peixe. Tomara que vocês também achem que parece um peixe porque, senão, minha mulher me interna.


A foto é absolutamente original. As listras foram formadas por gotas de água escorrendo. Fiz uma brincadeira no photoshop, sem a pretensão de completar, só para ver se não estava enxergando fantasmas. Sem alterar as listras originais. Só realçando duas. Ah! Achei de inventar uma cauda. Penso que ficou parecendo fóssil.

17 de abr. de 2012

DISCURSO DO EX-PRESIDENTE NO DIA MUNDIAL DA VOZ

Não tenho preferência por qualquer político exercendo cargo público, eletivo ou por nomeação, ou candidato, nem por partido. Mesmo porque, como o português da anedota, não tenho com quem trocar. Tenho duas broncas com o Lula e uma com o PT. Não quero desfiar os motivos, que são estritamente políticos, não partidários. Pode ser que algum dia fale sobre isto. Agora, prefiro falar de um discurso bem recente do ex-Presidente, que colhi da Globo News, levado ao ar no dia 16 deste mês - Dia Mundial da Voz  (http://g1.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/videos/t/todos-os-videos/v/lula-grava-video-falando-sobre-a-importancia-do-tratamento-da-voz/1905574/). Juro que, se ele conseguir dez por cento do que falou (sabemos que ainda tem influência para isto), atropelo minha bronca e acabo com ela. Vou transcrever o discuro, a que assisti, em vídeo, e que copiei:

"Desde que recebi o diagnóstico de câncer laringe, tive muito medo de perder a minha voz. Quando meus netos me informaram que eu seria acompanhado por uma fonoaudióloga, eu não imaginava os benefícios que esse trabalho poderia trazer à minha saúde. Espero que todas as pessoas que tenham o problema que eu tive, possam ter acesso ao mesmo tratamento que eu estou tendo. Afinal de contas, todos precisam ter o melhor, neste país."

Primeiro que tudo, quero entender o sentido realmente objetivo do discurso. Ele deseja que todos que tenham o problema que teve possam ter acesso ao mesmo tratamento, ou deseja que qualquer pessoa que enfrente um câncer qualquer possa ter o mesmo tratamento que foi dispensado a ele? Para mim, "qualquer pessoa" está contido em "todos precisam ter o melhor, neste país". Não acredito que, egoisticamente, só tenha bons votos para quem tiver a doença que ele enfrentou. Daí vai que não pode ficar só na fonoaudióloga.
Segundo: em oito anos de governo, o então Presidente não preparou o SUS para esse tipo de ação.
Quando muito jovem, trabalhei em uma instituição dentro da Polícia Militar de Minas Gerais. Trabalhei com um senhor muito sério, que, na pobreza da instituição, conseguiu expandir e garantir benefícios (seria a tal de sustentabilidade, em 1956?). A participação de beneficiários era voluntária, com mensalidades módicas. Essa instituição - Caixa Capitão José dos Santos - foi um dos embriões do atual sistema de assistência à saúde da Corporação. A prestação de assistência era voltada, inicialmente, para duas moléstias: hanseníase (que naquele tempo era a temível lepra, mesmo, sem rebuços) e a tuberculose (que matou Noel Rosa e mais muita gente). Eram dois dos maiores terrores da época. Pois bem. Os policiais-militares de antanho, se contraíam lepra, eram internados na Colônia Santa Isabel. Recebiam gratuitamente os medicamentos prescritos. Quanto aos portadores de tuberculose, os associados da Caixa ou seus familiares adquiriam os medicamentos pelo preço do laboratório (certa vez, um laboratório ofereceu uma bonificação em dinheiro mas o Tião Faria - tesoureiro da Caixa - mandou incluir na nota fiscal, como bonificação em medicamentos, para baixar o preço para os associados). Mas não era só o baixo preço, não. O pedido de desconto em vencimentos recomendava: "juntar ao débito anterior e continuar o mesmo desconto". Ou seja, a dívida ia para a estratosfera e a prestação continuava a mesma. Houve um soldado que devia Cr$7.000,00 e pagava Cr$50,00 por mês, sempre comprando medicamentos que custavam Cr$460,00 (memória boa, graças a Deus!). O próprio soldado pediu para aumentar a prestação dele para Cr$100,00. Então, as pessoas que enfrentavam os infortúnios de duas das doenças mais preocupantes, naquela época, "só" tinham de se preocupar com a doença, seus efeitos e suas conseqüências imaginadas (é pouco?). Não tinham maiores alcances financeiro, resultando em que a família não sofria privações decorrentes de despesas com tratamento.
A Caixa Capitão José dos Santos era pequenininha. A fonte de recursos era muito pequena. Mas durante a gestão Tião Faria, manteve os benefícios prometidos desde antes e ampliou o quadro deles.
Parece-me que o Brasil é bem maior. O campo das possibilidades deve, também, ser muito mais amplo. E não me digam que a corrupção não atrapalha e que não reduz esse campo de possibilidades!

Juro! Se o ex-Presidente Lula transformar seu discurso em ação e conseguir dez por cento do que - parece-me - o discurso sugere, sepultarei minhas broncas e nunca mais falarei delas.

Foto no alto: Total Med
http://totalmedminas.com.br/pacientes-do-sus-relatam-problemas-mesmo-em-cidades-bem-avaliadas/

Foto em baixo: Horácio Almeida
http://www.google.com.br/imgres?hl=pt-BR&rlz=1T4RNSN_pt-BRBR392BR399&biw=1920&bih=875&gbv=2&tbm=isch&tbnid=RWDscx1Vu9oOnM:&imgrefurl=http://www.horacioalmeida.com.br/2011/04/01/quando-eu-me-chamar-saudade/&docid=A6OxBUbh-nIPNM&imgurl=http://www.horacioalmeida.com.br/wp-content/uploads/2011/03/SUS-02.jpg&w=720&h=460&ei=5F-NT8HfAous8AT3yNGaDg&zoom=1&iact=hc&vpx=882&vpy=149&dur=139&hovh=179&hovw=281&tx=184&ty=132&sig=103587973969955474369&page=1&tbnh=123&tbnw=168&start=0&ndsp=49&ved=1t:429,r:4,s:0,i:74

16 de abr. de 2012

QUANDO IMPERA A PAIXÃO

Ontem, amanheci pensando sobre a paixão por um time de futebol e os comportamentos que ela desencadeia. Penso que não é paixão pelo futebol, nem por um clube, e sim pelo time, mesmo. O clube, as outras modalidades esportivas, etc., são caronas que pegam no futebol. 
Lembrei-me, então, de que, quando o estádio de Belo Horizonte era o Independência, fui a uma final de campeonato, jogando Atlético e Democrata (de Sete Lagoas). A diferença entre a torcida do Atlético, e as dos demais times, em Belo Horizonte, era descomunal. A torcida do Atlético ocupava cerca de dois terços do estádio. O terço restante ficava para as torcidas dos outros times. Chamavam o conjunto de "coligação". Era a torcida do Galo contra a "coligação". Atleticano moderado, fui, com meu irmão, cruzeirense, para a "coligação". O Atlético vencia por 2 x 0, quando Paulo Valentim partiu para a área, conduzindo a bola. Braúna, zagueiro do Democrata, um guarda-roupa, fez uma falta violenta no Paulinho. Paulo Valentim revidou na hora. O Mário Vianna apitou e apontou para o vestiário do Atlético - expulsou o Paulinho. Imediatamente, um torcedor (não sei se cruzeirense ou "coligação") gritou, plenos pulmões (como gostam os puristas): "Muito bem, Mário Vianna! Expulsa esse cavalo!". Mas, enquanto o Mário Vianna apitava e fazia o gesto, e o torcedor gritava, o Braúna - que não era nenhum santo - tacou o pé no Paulinho. Mário Vianna não titubeou: apito fortíssimo e braço apontado para o vestiário do Democrata: Braúna fora! Tudo muito rápido, mais do que enquanto o diabo esfrega um olho (nunca entendi esta metáfora; o diabo esfrega o olho muito depressa? pra não queimar?...) O mesmo torcedor virou-se, imediatamente, e lamentou: "Ah! O Mario Vianna não devia ter feito isto não! Devia deixar os dois em campo!". Foi, para mim - rapaz, ainda - uma bela lição de comportamentos sob influência da paixão.
Pois não é que, assistindo, ontem, ao jogo Tupi x Atlético, em Juiz de fora, assisti a uma cena que me fez pensar sobre essa lição? Jogo muito corrido, no primeiro tempo, 0x0 (ôxo, como dizia o Walter Abrão). Corrido, também, até a metade do segundo tempo. Ainda empatado. Aí, o resultado passou a interessar muito aos dois. Com o empate, o Atlético ficava em primeiro lugar, mesmo Se o Cruzeiro vencesse o Uberaba (o Cruzeiro vencia e ficaria no primeiro lugar, se o Galo perdesse); o Tupi ficava com a quarta vaga para as finais, se o resultado do jogo do Nacional ficasse como estava. Foi aquela leréia! O Atlético, na saída de bola, ficava atravessando bolas em sua intermediária, sem arriscar o ataque. O Tupi ficava cercando, de longe, sem dar combate. Tudo para ficar do jeito que estava. As torcidas começaram a encrencar. Alguns torcedores, vendo que os times não iriam sair daquela água-morna, foram saindo, lá pelos trinta minutos. A maioria começou a vaiar, tanto um como o outro time. Queriam jogo.
Foi aí que me lembrei das lembranças da manhã, e pensei "cá consigo" (como dizia o matuto lá do Passa Quatro): será que se o Atlético arriscar um ataque, levar um contra-ataque e um gol, os que estão vaiando não irão dizer que deveriam ter ficado só trocando bolas? E será que, se o Tupi resolver "partir para cima", nas trocas de bola do Atlético, tentando tomá-la, abrir a defesa e acabar levando um gol, os torcedores não irão dizer que os jogadores deveriam ter ficado só cercando?



Foto: AMAZONAS atual.

14 de abr. de 2012

COISAS DO FUTEBOL

Internacional, de Porto Alegre x Cerâmica, hoje, no Beira Rio. Deu Inter 3 x 0. Parece que foi fácil. Não, mesmo! O Cerâmica resistiu bem, no primeiro tempo, mas deu muita botinada. Faltas para parar a jogada. Quase sem cartão amarelo. Tinha espaço para muito mais.
Observei, principalmente dois fatos: um ligado ao juiz (e, é claro, às regras e aos critérios de aplicação); outro ligado ao jogador.
O juiz foi parcimonioso com os cartões amarelos, como disse. Não coibiu faltas, de que abusou principalmente a defesa do Cerâmica. Algumas feitas por jogadores do Inter, pelo modo como ocorreram, também merecerem (meu ponto de vista, sub censura, como gostam os juristas). Aí, veio a tal de regra e, na carona, o critério. Leandro Damião marcou o segundo gol e "foi pra galera", tirando a camisa. Em cima da regra, o juiz aplicou o amarelo. Parece que tudo está bem. Não acho. "Os home" acham mais grave um ato de "rebeldia", que compromete sua autoridade,  do que um que compromete a segurança. Dar paulada pode. Ignorar o apito do juiz, e seguir na jogada é "crime de lesa majestade". Não estou "livrando a cara" do jogador rebelde, não. Mas não concordo com que o juiz possa aliviar em gestos anti-esportivos mais graves, que até podem resultar em lesões físicas.
O que é mais importante afinal? Com a palavra Joseph Blatter e o Departamento de Árbitros da CBF!
Agora, o jogador: Por que é que o Leandro Damião foi tirar a camisa, mesmo sabendo que tomaria o cartão amarelo? Por que os dirigentes de clubes permitem isto? Não é a primeira vez que acontece e, provavelmente, não será a última. Uma das vezes em que assisti a cena da mesma natureza foi em um jogo do Botafogo. Jobson, já "amarelado", fez um gol e tirou a camisa, para comemorar. É claro que sabia que iria ser expulso. Isto não importava. Importava a comemoração.
Leandro Damião é jogador de seleção brasileira. Que garantia poderemos ter de que sua conduta na seleção será mais comedida? Em copa do mundo não se pode perder um jogador, só porque quis satisfazer a sua vaidade. Rigoroso? Sou, sim. Jogador de seleção brasileira não pode ser só elite futebolística, não. Deve ter, pelo menos, um vernizinho de elite em outras características. É observado pelo mundo inteiro. Sou fã do Leandro Damião, não só pela qualidade de seu futebol, mas, talvez principalmente por ter ido da várzea à seleção brasileira, sem ter passado por escolinha, por seleção de base... Mas o fato de ser craque de seleção obriga-o a comportar-se bem, porque os atributos que se deve exigir de um jogador de nível vão além do saber jogar bola e cuidar bem da parte física.
O bom comportamento em campo é indispensável.

Foto: Sport Club Internacional
http://www.internacional.com.br/pagina.php?modulo=4&setor=29

EXPERIÊNCIA POÉTICA - CONTRIÇÃO

Na tela da vida, em replei,
vislumbrei cada passo,
cada taça,
cada pedaço do caminho.
Entre acertos e erros,
concertos e berros,
romper de ferros
buscando claridade.
Em cada vôo do pensamento,
insensatez!
gosto de liberdade.

Agora, chegado ao termo,
neste ermo em que vejo,
sem pejo, nem remorso,
o bem e o mal,
quero voltar,
para fazer melhor
e mais bem feito
o bem que fiz.
Feliz de mim
se conseguir
pôr pá de cal
em todo mal.

Marco Comini


Imagem: Mega Astrologia