17 de abr. de 2012

DISCURSO DO EX-PRESIDENTE NO DIA MUNDIAL DA VOZ

Não tenho preferência por qualquer político exercendo cargo público, eletivo ou por nomeação, ou candidato, nem por partido. Mesmo porque, como o português da anedota, não tenho com quem trocar. Tenho duas broncas com o Lula e uma com o PT. Não quero desfiar os motivos, que são estritamente políticos, não partidários. Pode ser que algum dia fale sobre isto. Agora, prefiro falar de um discurso bem recente do ex-Presidente, que colhi da Globo News, levado ao ar no dia 16 deste mês - Dia Mundial da Voz  (http://g1.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/videos/t/todos-os-videos/v/lula-grava-video-falando-sobre-a-importancia-do-tratamento-da-voz/1905574/). Juro que, se ele conseguir dez por cento do que falou (sabemos que ainda tem influência para isto), atropelo minha bronca e acabo com ela. Vou transcrever o discuro, a que assisti, em vídeo, e que copiei:

"Desde que recebi o diagnóstico de câncer laringe, tive muito medo de perder a minha voz. Quando meus netos me informaram que eu seria acompanhado por uma fonoaudióloga, eu não imaginava os benefícios que esse trabalho poderia trazer à minha saúde. Espero que todas as pessoas que tenham o problema que eu tive, possam ter acesso ao mesmo tratamento que eu estou tendo. Afinal de contas, todos precisam ter o melhor, neste país."

Primeiro que tudo, quero entender o sentido realmente objetivo do discurso. Ele deseja que todos que tenham o problema que teve possam ter acesso ao mesmo tratamento, ou deseja que qualquer pessoa que enfrente um câncer qualquer possa ter o mesmo tratamento que foi dispensado a ele? Para mim, "qualquer pessoa" está contido em "todos precisam ter o melhor, neste país". Não acredito que, egoisticamente, só tenha bons votos para quem tiver a doença que ele enfrentou. Daí vai que não pode ficar só na fonoaudióloga.
Segundo: em oito anos de governo, o então Presidente não preparou o SUS para esse tipo de ação.
Quando muito jovem, trabalhei em uma instituição dentro da Polícia Militar de Minas Gerais. Trabalhei com um senhor muito sério, que, na pobreza da instituição, conseguiu expandir e garantir benefícios (seria a tal de sustentabilidade, em 1956?). A participação de beneficiários era voluntária, com mensalidades módicas. Essa instituição - Caixa Capitão José dos Santos - foi um dos embriões do atual sistema de assistência à saúde da Corporação. A prestação de assistência era voltada, inicialmente, para duas moléstias: hanseníase (que naquele tempo era a temível lepra, mesmo, sem rebuços) e a tuberculose (que matou Noel Rosa e mais muita gente). Eram dois dos maiores terrores da época. Pois bem. Os policiais-militares de antanho, se contraíam lepra, eram internados na Colônia Santa Isabel. Recebiam gratuitamente os medicamentos prescritos. Quanto aos portadores de tuberculose, os associados da Caixa ou seus familiares adquiriam os medicamentos pelo preço do laboratório (certa vez, um laboratório ofereceu uma bonificação em dinheiro mas o Tião Faria - tesoureiro da Caixa - mandou incluir na nota fiscal, como bonificação em medicamentos, para baixar o preço para os associados). Mas não era só o baixo preço, não. O pedido de desconto em vencimentos recomendava: "juntar ao débito anterior e continuar o mesmo desconto". Ou seja, a dívida ia para a estratosfera e a prestação continuava a mesma. Houve um soldado que devia Cr$7.000,00 e pagava Cr$50,00 por mês, sempre comprando medicamentos que custavam Cr$460,00 (memória boa, graças a Deus!). O próprio soldado pediu para aumentar a prestação dele para Cr$100,00. Então, as pessoas que enfrentavam os infortúnios de duas das doenças mais preocupantes, naquela época, "só" tinham de se preocupar com a doença, seus efeitos e suas conseqüências imaginadas (é pouco?). Não tinham maiores alcances financeiro, resultando em que a família não sofria privações decorrentes de despesas com tratamento.
A Caixa Capitão José dos Santos era pequenininha. A fonte de recursos era muito pequena. Mas durante a gestão Tião Faria, manteve os benefícios prometidos desde antes e ampliou o quadro deles.
Parece-me que o Brasil é bem maior. O campo das possibilidades deve, também, ser muito mais amplo. E não me digam que a corrupção não atrapalha e que não reduz esse campo de possibilidades!

Juro! Se o ex-Presidente Lula transformar seu discurso em ação e conseguir dez por cento do que - parece-me - o discurso sugere, sepultarei minhas broncas e nunca mais falarei delas.

Foto no alto: Total Med
http://totalmedminas.com.br/pacientes-do-sus-relatam-problemas-mesmo-em-cidades-bem-avaliadas/

Foto em baixo: Horácio Almeida
http://www.google.com.br/imgres?hl=pt-BR&rlz=1T4RNSN_pt-BRBR392BR399&biw=1920&bih=875&gbv=2&tbm=isch&tbnid=RWDscx1Vu9oOnM:&imgrefurl=http://www.horacioalmeida.com.br/2011/04/01/quando-eu-me-chamar-saudade/&docid=A6OxBUbh-nIPNM&imgurl=http://www.horacioalmeida.com.br/wp-content/uploads/2011/03/SUS-02.jpg&w=720&h=460&ei=5F-NT8HfAous8AT3yNGaDg&zoom=1&iact=hc&vpx=882&vpy=149&dur=139&hovh=179&hovw=281&tx=184&ty=132&sig=103587973969955474369&page=1&tbnh=123&tbnw=168&start=0&ndsp=49&ved=1t:429,r:4,s:0,i:74

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