Vai acabar conhecida como CPI do Cachoeira. O que vi e ouvi pela TV Senado, na sessão da CPMI, gravada no dia 25 (foi ao ar hoje, ou foi "replay"), é que a CPMI foi instalada para investigar as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. Ocorre que alguns preferem outros nomes. Por exemplo: no Portal Vermelho (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=181633&id_secao=1), que encontrei em aleatória busca, está: "CPI do Cachoeira/Demóstenes realiza sua primeira reunião". CPI é mais fácil de falar do que CPMI. Logo, por tradição, pode-se optar pela fórmula mais simples. No fim, fica tudo a mesma coisa. Quanto a "Cachoeira/Demóstenes", não sei se está considerando essas duas pessoas como as mais importantes do caso, ou se está querendo fazer entender que só esses dois aí são responsáveis e únicos envolvidos.
Vai acabar CPI do Cachoeira, mesmo.
Tenho mania de assistir a alguns dos debates que a TV Senado mostra. Principalmente CPI e CPMI. Já falei aqui que, nos últimos dez anos, tenho assistido, por essa emissora, a mitas conversas de malandro pra delegado, principalmente em CPI. Vou continuar assistindo, por mais revolta que isto me cause.
Há aspectos positivos. Vê-se que a Democracia e o respeito a ela são alguns desses aspectos. Na CPI do Cachoeira, um fato que achei dos mais interessantes foi a presença do Senador Fernando Collor de Mello. Preconceito? "Pode muito bem fô". Parece que a Democracia viabiliza isto. Afinal, há alguns casos legais de reabilitação. Este não seria um deles? Mas que eu acho estranho um investigado, julgado e condenado participar de julgamento de pessoas acusadas de corrupção ativa e passiva, além de outras coisas, isto acho. Para mim, seria como instituir um tribunal popular para julgar juízes e/ou promotores de justiça, e escalar o "Fernandinho Beira Mar" para integrar esse tribunal, depois que tivesse cumprido a pena. Não me cai bem.
Uma outra idéia sobre a qual fiquei pensando: como são denominados os membros da CPI? Apenas membros? Senadora ou Deputada será "membra"? (ouvi esta expressão em Belém do Pará, para designar aquilo mesmo). Acho que fica esquisito. CPI é Comissão Parlamentar. Comissão já um nome que assusta, quando se fala de agentes públicos. Nem pensar, pois, em título que possa derivar de comissão. Melhor tratar apenas por parlamentar.
Mas vamos a algumas coisas que ouvi, na sessão da "CPI do Cachoeira".
A primeira coisa que me incomodou (incomoda sempre que assisto a qualquer sessão) é o vozerio que, muitas vezes, impede que se ouça o que um parlamentar está falando ao microfone. Não é raro um deputado ou outra pessoa aproximar-se do Presidente e falar com ele, enquanto um parlamentar está discursando. Será de propósito, para distriair-lhe a atenção? E as conversas paralelas? São muito freqüentes. Ora, se os deputados e senadores apresentam síndromes de falta de educação, não podemos reclamar de a educação estar colocada em segundo plano, ou outro "mais pior" (valeu, Sérgio Porto!), em nossa sociedade.
Outro incômodo - acho mesmo que é desperdício de tempo - é a rasgação de seda. Cada parlamentar que se apresenta para falar começa cumprimentando Presidente e Relator, desejando sucesso e pondo-se à disposição. Não seria mais rápido e prático instituir um ritual, quando da abertura da sessão, parlamentares de pé, braços direitos estendidos na altura do ombro, jurando colaboração e fidelidade às autoridades da CPI? Mais rápido, mais objetivo... É verdade que tiraria de nós a possibilidade de poder ouvir - e ver - o parlamentar, na tela da TV Senado, por pelo menos dois minutos. Acho que a gente superaria isto.
Aconteceu, também, de pelo menos um parlamentar ter chegado atrasado. Pediu informações sobre os métodos que a CPMI adotaria. O Presidente falou - já havia falado, repetido, repetido... - que, na próxima quarta-feira, cada parlamentar receberá uma Cartilha da CPI, que conterá informações completas, incluindo procedimentos (ele não deu título à Cartilha, mas acho que fica legal e estou sugerindo).
Achei interessante, também, que um parlamentar, alegando que é preciso ouvir Carlinhos Cachoeira, o quanto antes - o que achei correto - disse que, a esta altura do campeonato, o contador do Carlinhos está nos Estados Unidos, informando que dispõe de informações que comprometem meia República.
Eu, aqui na minha parcimônia, acho que pelo menos a metade da República já está comprometida, desde outros carnavais. Não falam em Cachoeira como "empresário de jogos"? Desde sempre soube que governos andam de mãos dadas com a contravenção. Não vou desfiar o que sei, aqui para vocês.
"Só falarei em juízo!". Legal, não é? Se mencionarmos nomes conhecidos de pessoas muito bem relacionadas socialmente, explicitamente, ou como presidente de escola de samba, ou como presidente de clube de futebol, iremos encontrar bicheiros famosos. Apareciam nas revistas, na televisão. E ninguém escondia que eram bicheiros. Quem deixou que a atividade proliferasse, desenvolvesse, etc., etc.? Os agentes do poder, obviamente. O contador do Cachoeira poderá estar se referindo a metade da República atual. Mas não é só a metade da República atual, não. É a metade da República mesmo (sabendo-se que a República é uma instituição e que o bem e o mal que promove passam de geração para geração). Ainda hoje, depois de conversar com um ex-agente público, imaginei que os administradores públicos deixam atrás de si rastros de bem e de mal. E que esses rastros são indissociáveis da instituição.
Finalmente: um parlamentar falou da necessidade de investigar, já que há envolvimento de muitas autoridades - e disse expressamente - agentes públicos, juízes, promotores, ... etc., etc.. Ora, se ele sabe de tudo isto, então não precisa mais investigar. Ele ja sabe! Ou será preciso "sentá-lo no piano?" Será que é só ele quem sabe? É pralamentar!
Foto (a coisa está preta, hein? mas os prédios estão iluminados).
Ficheiro:Congresso Nacional BR noite.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Congresso_Nacional_BR_noite.jpg
Nenhum comentário:
Postar um comentário