29 de abr. de 2012

FUTEBOL MINEIRO COMO NOS VELHOS TEMPOS


Assisti ao jogo Cruzeiro x América, hoje, pela TV. Ao América bastava o empate para habilitar-se à final do Campeonato Mineiro deste ano. Venceu e está lá. Como nos velhos tempos, o América disputa uma final com o Atlético. Nos últimos quarenta anos, as disputas finais foram, em grande maioria, Atlético x Cruzeiro.
Antes disto, América e Atlético revezavam-se nas posições de campeão e vice-campeão. Foi o período em que os dois clubes predominaram no futebol mineiro. Antes, houve um período em que o América foi absoluto: deca-campeão. Não sei se é inveja dos adversários, mas já ouvi dizer, há muitos anos, que não houve dez campeonatos entre 1916 e 1925. Simplesmente, houve anos em que o campeonato não foi realizado. Aí, o América permanecia campeão, na falta de outro. Mas na página eletrônica oficial do clube, está, em uma faixa adornando o escudo: Decacampeão 1916 - 1925 (foto). Folclore reforça qualquer história. Não estava presente, ainda (semente, eu hein?). Comecei a conviver com o América por volta de 1951. Nadava e assistia aos treinos e jogos de futebol. Vi jogadores serem promovidos ao time titular, durante algum treino. Vi surgirem - e serem transferidos para o futebol português - Miltinho e Osvaldo Mamão. Vi despontar um cracaço, ponta direita, Geraldo, que foi atingido por um tiro e levado às pressas ao hospital. Teve sorte, porque o estádio, na Alameda Álvaro Chaves, ficava pertinho do Pronto Socorro. Mais tarde, mudou-se para os Estados Unidos, onde veio a falecer, vítima de um acidente. Vi Harvey e Otávio - o então famoso "Baião de Dois" - que, depois de transferidos juntos para o Palmeiras, não conseguiram a mesma fama no futebol paulistano. Vi Cazuza, um lateral esquerdo muito bom. Vi Zuca surgir como bom jogador, nos treinos e, como craque, em um América x Atlético, quando fez dois gols, um em cima do outro e virou para 2x1, resultado final. Acabou tranferido para o futebol argentino. Vi Ernani, Miguel, Gunga, Zuca e Dodô, ataque que eu chamava de "linha de costurar smoking". Só Dodô era branco - a agulha. Ah, é claro que vi Jair Bala. Penso que jogava tanto quanto o Tostão, só que mais esguio, corria mais e cabeceava bem. Andou pelos grandes times do futebol brasileiro: Flamengo, Botafogo, Santos, Palmeiras, Cruzeiro... Penso que poderia ter ido mais longe. Jogava demais!
Poxa! Esse escrivinhador aí deve ser americano!
Não! Não sou. Aliás, não torço mais para time algum, nem moderadamente. A organização do futebol não merece. Tenho muita pena daqueles pobres torcedores muito pobres que vejo pela TV, sofrendo muito, quando seu time não consegue evitar uma derrota. Fui um atleticano mais que moderado, que ia ao Mineirão ver e aplaudir aquele Cruzeiraço de Tostão, Dirceu, Piaza, Zé Carlos, Evaldo...
Ainda sou amante do futebol - um futebol brasileiro que sente muita falta de jogadores como aqueles e outros que nos encheram os olhos - Garrincha, Nilton Santos, Pampolini, Quarentinha, Didi, Amarildo... (Botafogo) Pagão, Del Vechio, Tite, Álvaro, Afonsinho, Jair da Rosa Pinto (Santos),  Rubens, Evaristo, Índio, Dequinha, Joel, Dida, Moacir (Flamengo), Mauro, Dino Sani, Canhoteiro (São Paulo), Cabeção, Luizinho - o Pequeno Polegar, Flávio, Ditão (Corinthians), Ademir da Guia, Dudu, Tupãzinho, Djalma Santos (Palmeiras), e daquele timaço do Santos, em 1962, sete jogadores na Seleção Brasileira campeã do mundo. Sem falar em outros mais modernos (já antigos, também, só que menos do que eu). A memória não é curta, o espaço é. Poderá alguém dizer que é puro saudosismo. Admito, embora sentir saudade não seja minha praia. Passado é passado. O futebol era mais bonito, mesmo. Podia não ser tão corrido. Nem tão violento. Acontece que nunca me liguei nem em velocidade, nem em violência (embora esteja certo de que tenho dentro de mim um bicho muito feio que vivo puxando pelo rabo).
Está sendo muito bom dar um trato à memória. Aproveitei-me de que teremos América e Atlético na final do Mineiro, de novo. Torço muito para que o América se organize, desenvolva o melhor trabalho possível, não para o próximo jogo, mas pensando em dez anos à frente. E que Atlético e Cruzeiro voltem a não ter de fugir do rebaixamento. Minas Gerais precisa muito ter pelo menos três times de futebol de alto nível. Se outros vierem, será bom demais!

EDIÇÃO EM 28 Set 2013: Como as coisas mudam depressa, meu Deus! O Galo, campeão da Libertadores, "tenteando" no Brasileirão, mas em boa condição, ainda; o Cruzeiro na cabeça, com boa vantagem e um time muito bom; o América dando o que tem e o que não tem para tentar voltar à primeira do Brasileirão. Tomara que consiga!

Bandeira do América: arte arena.

Nenhum comentário: