12 de jun. de 2013

AONDE FICAM TUPÃ E OXALÁ?

MP quer que o Banco Central exclua frase “Deus seja louvado” das cédulas do RealMinha amiga Marema é também minha maior fornecedora de notícias e informações que me incomodam e que discuto com ela, sempre. As discussões são frequentes e a Marema acolhe minhas discordâncias com brandura e seguimos amigos. Marema é, também, a pessoa que mais vejo divulgando notícias de ações na área de saúde (em que trabalha), com informações que, certamente, são úteis para muita gente. Não tem preguiça, pois coleta e compartilha informações, não raro muitas no mesmo dia. Não pára por aí e trata de notícias sobre concursos, em outras áreas, bem como de eventos e agentes culturais.
Pois hoje Marema trouxe-me, pelo feice, um texto sobre Estado laico. Pedi-lhe desculpas por não tê-lo lido, argumentando (não sei se justifica) que o Estado é conforme querem os governantes e não adianta eu dar pitaco, por mais sábio que, hipoteticamente, pudesse ser um pitaco meu.
Como as palavras mexem com a cabeça da gente, ao ver tratado o assunto "Estado laico", lembrei-me de que, ontem, examinando uma nota de cem reais, deparei com a inscrição "Deus seja louvado".
Abro um parêntese para explicar o exame da nota de cem. Tinha uma, por acaso, Ao tirá-la do bolso, pensei que quanto maior o valor da nota, menos favorável o processo de inflação. Não temos mais moedinha de um centavo - que valia de verdade, quando foi implementado o Plano Real. Simplesmente porque nada há mais o que possa ser comprado com um centavo.
Pensei, também, se a inscrição existe apenas na nota de cem, tal qual observei quando fui consultar uma cigana, para escrever uma crônica sobre "As Ciganas da Praça Tubal" (Uberlândia). Consulta que não rendeu coisa alguma, porque não fui capaz de me desvestir do machão, para encaminhar a entrevista. Mas isto é outro papo, que trarei ao cadikim, brevemente. Cabível, agora,  foi que a cigana perguntou-me se tinha uma nota, para ela benzer, para aumentar o meu dinheiro. Mostrei-lhe uma nota de cinco e ela perguntou se não tinha maior. A entrevista começou a arruinar quando, como quem não quer nada, perguntei se o valor da nota tinha importância na reza. Arruinei de vez quando não fui capaz de descartar o machão. Conto depois.
Ontem, lendo a inscrição na nota de cem, imaginei se a oração inscrita nela destinava-se a aumentar a riqueza de quem tivesse uma dessas (como no caso da cigana). A maioria dos cidadãos brasileiros estaria fora. Hoje, após ler a mensagem da Marema, fui conferir. Está até na nota de cinco. Ótimo! Aumentou o espectro dos beneficiários da oração inscrita nas notas. Não pude conferir na de dois, porque não tinha uma, agora. Acho que está desaparecendo do mercado, devagar, por causa do mesmo fenômeno relatado sobre a inflação: as moedas de pequeno valor vão desaparecendo, enquanto as de maior valor vão sendo criadas. Antes do Plano Real, o desaparecimento de umas e a criação de outras eram muito mais rápidos.
Fecho o parêntese. Afinal, o assunto em foco é o Estado Laico. Divagações sobre inflação, cigana e outros bichos entraram aí de alegres.
Pois não é que o Estado que deveria ser laico, faz inscrever em seus papeis moeda "Deus seja louvado"? Não digo que o Estado é conforme querem os governantes?
Como ficam, nessa parada, Tupã e Oxalá?


Imagem: Gnotícias.
http://noticias.gospelmais.com.br/mp-banco-central-exclua-deus-seja-louvado-cedulas-30629.html


Nota do cadikim: a página acima contém o inconformismo do Ministério Público Federal, junto ao Banco Central do Brasil, desde 2011. Para variar, foi constituída uma comissão, para tratar do assunto. O assunto está bem detalhado, para quem quiser seguir o link.

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