Ontem, falei do voto representativo a que estamos sujeitos. A gente vota em parlamentares e os parlamentares votam as matérias de interesse da Nação. Mas quem vota não são os parlamentares. São os cidadãos, representados por aqueles. (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/07/o-congresso-brasileiro-fica-velho-mas.html).
Falei, também, do regime de voto secreto, através do qual os parlamentares, votando atrás da moita, escamoteiam informações aos cidadãos que lhes outorgaram o mandato, cidadãos que ficam sem saber em quem ou em que votaram, através de seu deputado ou senador.
Pois bem. Sem conhecer o voto do parlamentar seu representante, todos vocês que votaram para senador correm o risco de terem votado contra a cassação de Demóstenes Torres. Ou, pior do que isto, de engrossaram as fileiras da bancada muralista - a daqueles que ficaram em cima do muro.Direis: você também corre o risco, meu caro blogueiro!
Corro não: votei em branco. Eu me garanto!
EDIÇÃO EM 07 DE SETEMBRO DE 2013 (QUASE UM ANO DA EDIÇÃO ORIGINAL)
De lá para cá, muitos agentes governamentais condenados, um deles - Natan Donadon - traz-me (o que considero desonra) a realidade de ter, no parlamento do meu país, um deputado presidiário, mantido como deputado por um número de parceiros que impediu a cassação, mais um time que ficou em cima do muro. Não acho que os que votaram a favor da cassação queriam-na. Para mim, jogo de cena. Se não era, preferiram admitir a hipótese de ter um colega presidiário. Podem falar-me que é fuga, omissão, e o que quiserem. Não votei no Demóstenes; não votei no Donadon; não votei em qualquer dos condenados na AP 470, do STF; não votei em que votou a favor da permanência do Donadon como deputado; não votei nos que que se omitiram (abstenção é omissão explícita); não votei nos que admitem, mesmo contra a vontade, ter um colega condenado e recolhido à prisão. O voto em branco garante-me isto.
Imagem: http://www.overmundo.com.br/banco/um-gato-em-cima-do-muro
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