30 de nov. de 2012

RELAÇÕES DE CONSUMO COM O ESTADO

Todos os anos, assistimos a "comemorações" do aniversário do Código de Defesa do Consumidor.
Acho que falta muito para colocar na prática o que está no livrinho.
Há alguns dias, acompanhei uma pessoa a uma clínica médica e psicológica credenciada pelo DETRAN-MG para a realização de exame médico, para renovação de carteira. No documento entregue ao usuário do sistema público (o credenciamento não descaracteriza a prestação de serviço público) estava escrito que o candidato deveria comparecer entre as 13 horas e as 17 horas. Chegamos às 12 horas e 58 minutos, precisamente. Havia apenas uma pessoa na porta, aguardando que fosse aberta. Em uma parede, ao lado da porta, havia um cartaz anunciando o horário de atendimento: 13 às 17.
Ao entrarmos, verificou-se que o médico não estava presente e que, habitualmente, chega às 14 horas (informação prestada pela atendente). Não há motivo para chegar às 13, então, já que a parte burocrática, feita por uma funcionária, não demorou mais que 5 minutos para as duas pessoas (depois, outras chegaram, cumpriram o ritual burocrático, todas antes que tivesse chegado o médico).
O médico chegou às 14 horas e 26 minutos. Atendeu à primeira candidata em menos do que cinco minutos e à segunda em tempo parelho. A pessoa que eu acompanhava esperou por isto durante duas horas e trinta minutos.
E o que têm a ver com isto as tais relações de consumo? Ora, o Estado, em seu sentido amplo, é fornecedor de serviços ao cidadão - cobra taxas para isto - e, se bem observado o Código de Defesa do Consumidor, o cidadão faz jus à proteção da lei consumerista, em face do Estado.
Mais: se o Estado impõe ao cidadão que, em períodos de tempo que estabelece, submeta-se a exames para verificação de que esteja apto ou não a dirigir, tem a obrigação de alocar o serviço respectivo de forma a ser a melhor possível para o consumidor.
Tem, portanto, o dever de acompanhar a execução do credenciamento, principalmente no que tange ao atendimento ao consumidor, para verificar se ele - Estado - está cumprindo as normas do Código que lhe recomenda fazer a defesa do consumidor.
Imagem Clínica: informatoz
Imagem Código: SINTTONIA FM 102.9 A NOSSA RÁDIO!

O ANTI-PUBLICITÁRIO DE NOVO

Sei que penso besteira, viajo muito... Mas algumas coisas parecem confirmar minhas maluquices. Como a de ser anti-publicitário, por exemplo. Penso não ser radical. Acho a publicidade brasileira muito criativa. Mas há excessos e até falta de ética que acabam incomodando.
Estava lendo Leon Eliachar, agorinha mesmo. Ele disse achar muito mais divertido e mais prático ver os anúncios. Ligava a tv em qualquer canal e via os anúncios, sem preocupação de horário. Achava que os anúncios variavam muito mais do que as piadas e as músicas. Está lá, na página 47 de "O Homem ao Zero": "A técnica é chatear tanto até ficarem em nosso subconsciente - se é que alguém consegue ter subconsciente assistindo televisão. ... Geniais mesmo são as geladeiras que duram tôda a vida. Mas muito mais geniais são os textos garantindo que cabe tudinho dentro delas, mas acho que não têm tanta certeza, pois fazem questão de botar uma moça bem bonita pra mostrar a geladeira... E as televisões baratíssimas, cada vez mais vendidas, dentro dos novos planos de venda. Ao invés de bolarem uma televisão mais perfeita, ficam é bolando planos de venda. No dia  em que inventarem uma televisão que focalize a cara de um sujeito com menos de três orelhas, não precisam nem fazer anúncio: é só exibir, que esgota no mesmo dia." E assim por diante... (Obs.: O texto é da década de 1960, e está conforme a ortografia da época, e com a qualidade (?) das transmissões).
Tenho implicância com logomarcas. Quando um cara vai abrir uma empresa, a primeira preocupação é com a logomarca. Muitas vezes, mais importante do que o controle de qualidade. Dizia eu, em discussões com colegas, que quando todo mundo tem logomarca, ninguém tem, ou melhor, ninguém é diferente.
Pois bem. Assustei-me, ontem, ouvindo, pela tv, que foram presos integrantes de uma quadrilha, e apreendidas armas. E que - acreditem! - a logomarca da quadrilha estava gravada nas armas. Meu Deus! As quadrilhas estão cada vez mais audaciosas. Em vez daqueles cuidados para não aparecerem, passaram a explicitar, nas armas, a existência e a atividade da quadrilha. Preocupa-me tamanha desfaçatez em visibilidade. Até os piratas do caribe e aqueles que costumavam trabalhar para a rainha da Inglaterra (coisa de romance e de filmes; não acredito que a rainha da Inglaterra se metesse nessas paradas) - até os piratas - repito, tinham o cuidado de preservar o anonimato, até a hora do "vamo vê", ou seja, pouquinho antes da abordagem, hasteavam o pavilhão da caveira.
Tá ficando difícil, sô!...

Imagem: SABORDIGITAL
http://sabordigital.wordpress.com/2010/02/

29 de nov. de 2012

OBRIGAÇÃO DE GANHAR

Lembro-me de que meu professor de geografia, Betâmio Paraíso, no Colégio Estadual de Belo Horizonte, 1957, dizia-nos com a seriedade com que sempre se apresentava:
"Tenha um filho. Feche esse filho em um quarto, comunicando-se apenas com você. Mostre-lhe a imagem de um avião e diga-lhe: 'isto é uma xícara'; mostre-lhe a imagem de um automóvel e diga-lhe: 'isto é uma vassoura'; mostre-lhe uma cadeira e diga-lhe: 'isto é um orangotango'; mostre-lhe a imagem de um orangotango e diga-lhe: 'isto é a imagem de um homem'. Em pouco tempo, terá criado um monstro".
felipão seleção 700É assim que sinto o ufanismo a respeito da seleção brasileira: digam à torcida que somos os melhores do mundo; digam à torcida que nossos craques são muito mais craques do que os das outras seleções - do que o Messi, inclusive - digam à torcida que, no Brasil, não há como nem por que perder; digam-lhe... e terão criado um monstro: uma torcida presa de uma paixão desenfreada pela seleção, desvairada, pronta para agredir tudo e todos, diante de um fracasso.
Obviamente, não gostei de saber que o Felipão declarou que temos obrigação de ganhar a copa. Acrescentou que não somos favoritos, agora, mas teremos de fazer o possível para chegar a esse favoritismo. Já é menos mau. No programa Arena, pelo Sportv, só vi comentário de que teria dito que temos obrigação de ganhar, sem qualquer observação paralela.
Aí mora o perigo: o cara diz uma coisa e os comentaristas tomam da conversa apenas o que lhes interessa, como, por exemplo, conforme o Caio, "estádios cheios".
Diante da abordagem do tema "temos obrigação de vencer", isolado do contexto da entrevista, só um comentarista - Oscar, se não me engano - foi ponderado: disse que a França tem obrigação de vencer, a Itália tem obrigação de vencer, a Inglaterra tem obrigação de vencer... e assim por diante. Ponderou que não é lógico pensar que o vice-campeão será apenas o melhor dos últimos. De fato, se é certo que haverá uma final, teremos de presumir que terão chegado lá dois sérios candidatos ao título, cada um com a obrigação de vencer. O contrário, ou seja, o Brasil finalista e, do outro lado, um time de cabeças de bagre, a conclusão terá de ser no sentido de que foi muito fácil chegar à final e que a conquista do título será uma simples questão de noventa minutos. Detalhes, como gosta o Parreira.
Não fica bem a quem pretenda ser campeão. Lembro Don Rodrigo de Bivar - Cid, o Campeador - desafiando o sogro para um duelo a espada, e o desafiado advertindo: "sou a melhor espada do reino, você certamente sucumbirá". Ao que El Cid retrucou: "Vencer sem perigo é triunfar sem glória".
Certamente, não é o que pretendemos para a nossa seleção. O título diante de um grupo de pernas de pau. Ou, eventualmente, uma derrota horrível, para um time de pernas de pau (se interessar, vejam ANÃO X GIGANTE - BRIGA RUIM, em http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/03/anao-x-gigante-briga-ruim.html.
Mesmo com a ressalva de Felipão, de que não somos os favoritos, agora, desagradou-me o "temos obrigação de vencer".
Não é lógico pensar nisto, agora. Se Mano Menezes foi dispensado, não poderá ter sido porque ele - apenas ele - estava indo mal, e a seleção estava indo bem. Penso que teria sido impossível a seleção ter estado bem, apesar de um mau comando - assim considerado por quem o dispensou, certamente.
Acho que a seleção brasileira está sendo conduzida com a mesma paixão que dominou a CBF - e a mídia - após a perda da copa de 2010: tinha de mudar tudo, renovar todos...
Estamos enfrentando uma das consequências daquilo que sempre considerei uma insanidade.
Pretendo falar sobre a substituição de Mano Menezes e as circunstâncias. Tenho um texto preparado mas pretendo amadurecê-lo. Não quero ser o desmancha-prazeres.


Foto: R7 Esportes.
http://esportes.r7.com/futebol/noticias/em-retorno-a-selecao-felipao-diz-que-titulo-de-2014-e-obrigacao-20121129.html?question=0

28 de nov. de 2012

POR RECOMENDAÇÃO MÉDICA

Meu amigo Assis é artista. Música, desenho, pintura são algumas de suas habilitades. Muito na dele, não expõe essas habilidades, só conhecidas por uns poucos. Anísio Dias, professor de música e ótimo violonista, é um dos admiradores da arte musical de Assis. E olha que se o Anísio elogia, é porque é, no mínimo, muito bom.  Cristina, reconhecida no mundo do desenho e da pintura, em nosso meio, admira o desenhista e pintor Assis. E assim por diante. Minha mulher foi colega dele na escola primária. Disse-me que era o show da escola, aos sete, oito anos de idade. Chegava ao quadro e deitava desenhos muito bacanas. Só que Assis continua fazendo suas artes muito mais para si do que para os outros. De vez em quanto, hiberna e afasta-se de uma ou outra das habilidades. Acho que estava afastado do violão.
Contou-me que, há alguns dias, sentindo-se algo estressado, procurou um médico. O doutor disse-lhe que precisava relaxar e perguntou que atividades de lazer são de seu agrado. Assis respondeu que gosta de música. O médico aconselhou-o a tocar mais.
Arrematou meu amigo: agora, estou tocando por recomendação médica.
Tomara que mostre mais do seu talento para mais pessoas. Tomara que o fator "recomendação médica" tenha atuado sobre suas vontades, de modo a viabilizar a exposição do talento para mais pessoas.
Lembrei-me de um fato semelhante - situações diferentes, mas com argumento parecido: a determinante passa a ser outra. Um amigo contou-me que havia um preso, na cadeia pública de Uberaba, que costumava fugir. Como permanecia na área, era capturado e recolhido. Dali a pouco, nova fuga e assim por diante. O delegado já estava cansado daquela leréia. Foi quando o cabo do destacamento aconselhou-o:
- Capitão, experimente deixar uma escada encostada, "em pé", no muro da cadeia, assim de bobeira mesmo, e recomende ao guarda que finja um descuido. Esse preso vai desaparecer.
Dito e feito: deixaram a escada encostada no muro, como recomendado pelo cabo. O guarda simulou um cochilo e olha o preso no olho da rua.
Desapareceu do pedaço, definitivamente. O delegado interpelou o cabo:
- Por que você podia garantir que ele iria desaparecer?
O cabo, muito seguro de si, sentenciou:
- Agora, Capitão, ele tornou-se um foragido da lei. Vai correr mundo!

Imagem de médico: Tudo sobre sonhos.
http://tudosobresonhos.blogspot.com.br/2011/02/significado-de-sonhar-com-medico.html

Imagem de violonista: Mariana Bonifatti Pinturas.
http://mbonifatti.blogspot.com.br/2010/10/serie-branco-preto-vermelho-violonista.html

LEON ELIACHAR: "DO MEU DIÁRIO"

Frases de  Leon Eliachar "Quando eu era menino, queria ser médico, hoje, pelo menos teria um da minha confiança. Mas foi bom: eu talvez não fosse da confiança dos outros - e pra viver à minha custa era preciso que eu ficasse sempre doente."

Livro: O Homem ao Zero, Editora Expressão e Cultura, p. 132, 1967.
Foto: Frases Famosas - http://www.frasesfamosas.com.br/de/leon-eliachar.html

CIVUCA COSTA - CRÔNICA DE REPÓRTER: O PLANTADOR DE ÁRVORES

Há mais de 20 anos eu cumpro uma missão sempre possível. Basta querer e ter vontade política e compromisso sério com a natureza. Uma espécie de casamento de papel passado em defesa da vida. Todo fim de semana eu planto árvores. Seja aonde vou, seja onde estou. Quando fui à Bahia, plantei grãos mineiros lá e trouxe espécies baianas e plantei aqui. Plantar árvores e colecionar sementes tornou-se um hábito. Uma mania natural. Para o meu bem e para bem do meio onde vivemos. Toda fruta que consumo eu guardo as sementes para serem plantadas na hora certa. O importante é botar a mão na massa. O importante é botar a mão na terra. Tudo pela paz, nada para a guerra.
Como diz o compositor Vital Farias: “Não jogue lixo no chão, chão é pra plantar semente”. É isso aí. Chão é para plantar árvores e grãos. Levando ao pé da letra o ditado “quem planta colhe”, vou plantando sementes por aí. O bom é que sempre encontro pessoas e tantas pessoas agraciadas pelas minhas árvores que às vezes nem me lembro para quem eu doei as mudas de frutíferas que me recordam dizendo: “Olha, o pé de pinha já está dando frutos”. Outra diz: “O pé de amora está carregadinho”, “o abacateiro que você me deu há 10 anos está todo florido”. Sem esquecer dos ipês que espalhei nos quatro cantos de Patos de Minas, nas fazendas de amigos. Plantei muda de árvores em volta da nascente do nosso rio, que nasce na cidade vizinha de Rio Paranaíba. Como estarão essas árvores agora? Não sei. Fiz minha parte.
Uma vez eu finquei um pé de pau-brasil bem no centro do Parque do Mocambo, como se fosse um marco. Uma bandeira. Isso faz uns 12 anos. Não sei como a árvore está. Se sobreviveu a tantas mazelas e descaso público para com aquele horto florestal. Uma dádiva divina. Um parque bem no centro da cidade. Deve ser mais bem cuidado. Muitas árvores nossas foram plantadas lá. As árvores são de todo o mundo, mas alguém tem que plantá-las e cuidá-las. Falando em árvores, como as ruas de Patos de Minas estão secas e feias, heim? Sem verde, sem sombras, sem árvores. Sem sobras de dúvida algo está errado. Existem ruas nos bairros que não têm uma árvore sequer em frente alguma casa qualquer. Que tristeza! Que falta de cidadania! Que falta de inteligência de muita gente!
Mas a grama no jardim do vizinho é sempre mais verde. O vizinho não planta árvore em frente à sua residência, mas bota o carro debaixo da árvore do vizinho do lado. Usufruindo da sombra do próximo. Afinal, pimenta no olho dos outros é refresco. O plantador de árvores faz a sua parte. Mesmo com o resto cortando as frondosas paineiras em nome da especulação imobiliária e com medo de ladrão pular o muro utilizando os galhos da árvores. A culpa é das árvores, coitadas. O mundo paga o preço. Os inocentes pagam pelos pecadores. Verde que te quero ver-te. Ecologia, eu quero uma pra viver!
Como diz o compositor Sérgio Ricardo: “Cada verso é uma semente no universo do meu peito”. Por isso escrevo versos e planto árvores. Que cada um faça a sua parte antes que seja tarde.

Imagens: Civuca Costa.

26 de nov. de 2012

ARNALDO CÉSAR COELHO SUPEROU-SE

Jogavam Sport e Fluminense, ontem. O bandeira acusa impedimento de Fred. Deu para ver que estava um pouquinho adiantado. Não me lembro bem, mas penso que nem precisei de repetição do lance, que confirmou. Aí, baixou o Arnaldo César Coelho, dizendo que achou que Fred e um defensor do Sport estavam na mesma linha. Comenta daqui, comenta dali, falou-se que o super-tira-teima daria a palavra final. Deu: Fred estava tantim adiantado. Aí, Arnaldo superou-se:
"Errei eu, o computador está certo!"
Lapidar, não? O comentarista em franca disputa com o computador pela verdade do jogo!
Como dizia Dona Ephigenia, presunção e água benta, cada um toma da que quer. Acrescento: e quanto quer.
O que me preocupou, em seguida, foi o narrador dizer que Arnaldo não comentara aquele impedimento mostrado pelo super-tira-teima, mas sim "o outro". E acrescentou: "Você nunca erra, Arnaldo! Ou quase nunca!"
Meu Deus! (Milton Leite). O "outro" foi um impedimento em que Fred chegou a mandar a bola para o gol. Naquele, estava adiantado em torno de dois metros. Se o Arnaldo achou, mesmo, que "no outro" os jogadores adversários estavam na mesma linha, então posso acreditar que não erre. Mas precisa, urgentemente, consultar um "oísta" (como disse o Joãozinho, reclamando para a mãe que estava com dor no "oi").


Foto: @En1buena.
https://en1buena.com/2015/07/03/ley-del-offside-segun-pasan-los-anos/

24 de nov. de 2012

MODISMO NÃO RESOLVE: MALANDRO CONTINUA SENDO MALANDRO E MANÉ CONTINUA SENDO MANÉ

Os homens estão aderindo a um tipo de chapéus muito utilizados por malandros ou similares. Tenho dois. Branquelo, preciso proteger-me do sol. Usava boné ou um chapéu panamá branco (também "de malandro"), só que achava a aba muito larga. Protege mais mas incomoda um pouco. Adotei o aba curta. 
Parece que a moda foi lançada por Moreira da Silva, o grande cantor de sambas-de-breque.
A coisa está alastrando. Muitos homens usam o tal chapéu, de material sintético ou panamás legítimos, com o indefectível faixa preta acima da aba curta. Hoje, no shopping, usando um desses, vi uma turma de três ou quatro homens jovens, juntos, usando o tal chapéu. Está pegando mesmo!
Fiquei pensando se cada um de nós tem um malandro enrustido dentro de si e, mesmo disfarçando, procura mostrar-se malandro.
Não adianta! Chapéu de malandro não transfigura mané em malandro.
Bezerra da Silva com razão: apesar da moda, malandro segue sendo malandro e mané segue sendo mané.

Foto: coletivoaction.com
http://www.coletivoaction.com/2011/06

UMA GRACINHA!...

Costumo dizer que a vida está nas ruas. Casa é ninho, serve para dormir. Sei que tem gente que curte ficar em casa. Eu mesmo não saio à rua com tanta freqüência quanto saía há alguns anos. Idade... Mas é na rua que a gente vê as coisas.
Hoje, no shopping, na fila de um caixa eletrônico, vi um cara do tipo machão: corpulento (gordo um pouco além da conta), bermuda e camiseta bem surradas, que nem as minhas, chinelão, barba por fazer (menos do que eu... um tipo bem característico do machão). De "machão", só tenho bermuda e camisetas surradas e barba por fazer. Nem metade do ferramental, portanto. Havia uma senhora operando o caixa e ele um pouco atrás, de lado. De repente, prestei atenção na bolsinha: daquelas pequenas e finas, retangulares, que, acho, eram usadas para levar baton, rouge e outras tranqueirinhas para maquiagem. De oncinha, pra riba de tudo! Entendi que deveria estar junto com a senhora, esperando que acabasse com a leréia no caixa eletrônico.
Quase não resisti. Deu-me vontade de dizer ao cara que estava uma gracinha e elogiar a bolsinha.
Teria sido por pura brincadeira, já que não poucas vezes não só seguro mas carrego a bolsa de minha mulher, pendurada a tiracolo, sem o menor constrangimento. Mas que é engraçado um homem grandão, do tipo daquele, segurando (com algum estilo) uma bolsinha daquelas, lá isto é.
Graças a Deus, resisti. Lembrei-me de um episódio ocorrido há alguns dias. Encontrei-me com um amigo meu, cuja mulher havia dado à luz uma menina, havia cerca de um mês. Ela estava cerca de quinze a vinte metros à frente dele, quando o vi. Meu amigo carregava uma sacola cor-de-rosa. Uma gracinha.
Quando disse "que lindo!", começou a mostrar-me a mulher com a criança, lá na frente, em voz bem alta e gesticulando muito, e dar-me um monte de explicações. É o típico machão, demais da conta, até, a ponto de, discutindo com uma professora, em classe, nível superior, ter esbravejado: "Queria que você fosse homem" o que, em bom coloquial significa: "Me espera lá fora que vou quebrar-lhe a cara!"
Lembrando-me do episódio, resolvi desistir de zoar o cara do shopping. Vai que ele é de temperamento quente, que nem o meu amigo!... Não tenho estrutura para uma briga dessas.

Imagem: peixeurbano.

http://www.peixeurbano.com.br/uberaba/ofertas/tuany-miake-maquiagrfhfrx

AMIZADE, SEGUNDO NELSON RODRIGUES

"Amigos, a boa amizade, a que fica, a que não morre, a que continua para além da vida e para além da morte - há de se basear em nobilíssimas divergências. Se dois amigos concordam em tudo, por tudo, e vivem dizendo amém um ao outro, estejamos certos de que estão na véspera do ódio. Ao passo que a discussão, a polêmica, as dúvidas dão força, densidade ao sentimento."








Fonte: Crônica "Eu e o João", no livro "Brasil em Campo", organizado por Sônia Rodrigues, filha do autor - Editora Nova Fronteira.
Fotos: Nelson Rodrigues: contra-capa do livro.
           João Saldanha: Blog do Espinosa.
            http://blogdoespinosa.zip.net/ 

23 de nov. de 2012

MACACO SÓCRATES ATACA DE NOVO

Há coisas que não consigo entender. Assisti à notícia do encerramento das operações da WebJet pela Gol, que, segundo a notícia, adquirira essa empresa aérea, há cerca de um ano. Dizem os funcionários da WebJet, demitidos, que a Gol comprou a Web para fechar. Alegações da Gol: frota muito velha, com alto consumo de combustível, e outras. Não consigo entender que um grande empresa, como a Gol, organizada, conhecedora do mercado, tenha comprado outra empresa aérea, sem conhecer as condições da frota e outras informações indispensáveis à realização de tão grande negócio. Fiquei boiando. Ou melhor: voando altíssimo! "Não precisa explicar. Eu só queria entender".

Foto: Frumentarius.
http://joanisval.com/2012/06/02/webjet-webtrash/

VAI PODER LEILOAR DE NOVO


Está rolando a estória da mocinha que resolveu leiloar sua virgindade. Nada contra. É lá dela e faz com ela o que quiser.  
O feliz (?!!!!!!! mesmo?!!!!!!) vencedor do leilão é um japonês.
Já tem malandro dizendo, por aí, que, depois, ela vai poder vender de novo.

Imagem: Vila dos Elementos V2.6
http://viladoselementos.wordpress.com/alfabeto-japones/

22 de nov. de 2012

AH! ESSE BIGODUDO DE TAMANCOS...

Já falei nele, por aqui: http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/06/o-bigodudo-de-tamancos-vaca-esta-indo.html e http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/06/o-bigodudo-de-tamancos-vaca-foi.html. Expliquei que meu amigo Armando só se referia ao idioma português como o "bigodudo de tamancos". É tragicômico ver que há pessoas que entendem mal a pronúncia das palavras, ou a maneira de dizer certas expressões, e acabam falando ou escrevendo coisas disparatadas. Um atleta, membro de uma igreja muito rigorosa (e, penso, amedrontadora como D. Mercedinha, minha professora de catecismo), sabendo que haveria um evento em que vários atletas conduziriam uma tocha com um tal "fogo simbólico", pediu para fazer parte da equipe que iria conduzir o fogo diabólico.
Hoje, vi, pela tv, um professor de português esclarecendo dúvidas de pessoas que ligavam. Uma delas perguntou quando deveria usar "onde" e quando usar "aonde". O mestre explicou que, atualmente, a expressão "onde" pode ser usada indistintamente. O uso de "aonde", quando se referia a verbo de movimento, é mais tradicional, mas que quase ninguém distingue mais.
Outra pessoa perguntou o que era correto: vier, vinher ou vim. Claro que o professor optou por "vier", em se tratando do verbo vir. Disse que a expressão "vim", quando uma pessoa diz "eu vou vim", não encontra ressonância no uso correto do "bigodudo de tamancos".
Faz-me lembrar de um colega de meu irmão caçula, ainda no grupo escolar. Virou-se para a professora e lascou: "Professora, amanhã eu vou num vim".

Imagem: Jura em Prosa e Verso.http://www.juraemprosaeverso.com.br/FotografiasEDesenhos/Desenhos.htm

MUITO ESTRANHO...



Ainda hoje, falei das ligações do brasileiro com tudo o que é estadunidense, principalmente o idioma  
http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/11/nelson-rodrigues-em-brasil-em-campo-o.html.
Fui assistir a uma parte do programa "Redação Sportv". Encontrei lá um inglês legítimo, jornalista Tim Vickery, correspondente para o World Soccer Daily, na América do Sul, desde 2008, com blog na BBC -(http://www.bbc.co.uk/blogs/timvickery/), se é que entendi corretamente o que está na Wikipédia, em linguagem dos lordes (não tenho certeza de que é dos lordes, não. Pode ser que seja do Tio Sam. Passo longe, nem na trave...).
Mr. Tim Vickery falou com toda a clareza, para o âncora do programa, André Risek:
"Peço aos jornalistas brasileiros que parem de chamar a seleção inglesa de 'english team'. Esta expressão não existe". Disse que ninguém, na Inglaterra, trata a seleção de seu país por esse nome. Falou que é criação de brasileiro.
A coisa é mais séria do que a gente pensa: mero puxa-saquismo ou vontade de "demonstrar conhecimento"?

Imagem (Tim Vickery): Idéia Fix
http://ideiafix.wordpress.com/tag/tim-vickery/

NELSON RODRIGUES, EM "BRASIL EM CAMPO": "O GRÃ-FINO NÃO QUER NADA COM O BRASIL"

Andanças em Brasília, com minha filha Raïssa, que mora lá. As butiques preferidas por ela são as livrarias. Diz-me que ainda vai comprar uma. Se um dia ganhar na mega sena, compro para ela.
Acabo comprando livros, também. Desta vez, "O Brasil em Campo", de Nelson Rodrigues, organizado por Sônia Rodrigues, filha do escritor, dramaturgo, o diabo.
Nelson Rodrigues foi uma de minhas leituras prediletas, na juventude, tanto sobre o cotidiano - "A vida como ela é" -como sobre esporte, em crônicas diárias. Não resisti. Vejo que muita coisa escapou-me.
Nelson Rodrigues é chocante, de propósito, claro. Exagerado? Sei não! Muita lógica. Enfiando filosofia, sociologia e, principalmente, a alma do brasileiro em uma e outra modalidades.
Estou diante de "O grã-fino não quer nada com o Brasil". Conta que foi a uma festa, em um palácio, na Gávea. Era o único plebeu, o que o levou a entrar com uma secreta depressão. Chamado de reacionário, pelos circunstantes, diz que não contraria a fama e que "Não sê-lo, em tal mundo, é uma provação,só comparável à de Jó."
Relata que as pessoas falavam sobre o Brasil, e diziam horrores. Referiam-se ao Brasil como "um país de quinta ordem". Respondeu que, em sua opinião, "...até 2000, o Brasil será o que são hoje os Estados Unidos e a Rússia", o que causou escândalo. Um dos convivas perguntou-lhe: "Nelson, você não acha o brasileiro um cafageste?" Diz, então, ter começado a desconfiar "...que o grã-fino não quer nada com o Brasil e vive em exílio na própria terra". Arremata:

"Eis a verdade: - se tivéssemos de fazer um concurso de animais do futebol, o brasileiro teria um franciscano quadragésimo sétimo lugar. Não preciso dizer o que fizeram os ingleses em Paris. Viraram um campo de barriga para o alto. Fizeram um quebra-quebra nunca visto. Continuaram, na rua, as depredações; amassaram para-lamas, estilhaçaram os vidros, viraram carros, arrancaram paralelepípedos. Se me disserem que nas imediações não existiam paralelepípedos, muito bem. Não arrancaram os paralelepípedos. Mas fizeram o resto e muito mais".

Os grandes obreiros são eternos ou, pelo menos, atemporais. Nelson Rodrigues é. Ainda hoje, menosprezamos as coisas do Brasil. Já fomos macacas de auditório das coisas francesas. Até as putas mais concorridas tinham de ser francesas. A dona do bordéu era "Madame". Depois, passamos a copiar os Estados Unidos. Nei Lopes fala disto em "A neta de Madame Roquefort" (http://www.youtube.com/watch?v=M5afIEbwDCI). O sonho de pobre é mudar para os states, fazer fortuna lá... O dos ricos é só fazer compras em Miami. Quem não fala inglês "norte-  americano" (estadunidense, corrige a Raïssa) não está com nada. Dizem que é a tal globalização.
Não consigo pensar assim. Acho que será globalização se, um dia, comprarmos produtos estadunidenses, com manuais em português, e vendermos nosso suquinho de laranja, com informações em inglês. Ou o contrário. Mas ter de comprar em inglês e vender em inglês não pode ser globalização, que deve ser via de mão dupla. É imperialismo, mesmo.
Que nem o mineirinho que passou a desconfiar de que é lésbica, desconfio de que sou reacionário.

Imagens: Livro "O Brasil em Campo", Editora Nova Fronteira.

21 de nov. de 2012

NO MEIO DO CAMINHO HAVIA UMA ÁRVORE

Nada contra. Achei foi muito interessante. Pesquisando hotéis de praia, com minha mulher, buscamos opiniões de pessoas que se hospedaram em determinado hotel. Um ex-hospede estava inconformado. Disse que ficou no terceiro andar e que, em frente à janela de seu apartamento, havia uma árvore que prejudicava a vista para o mar. Caiu matando: "...paguei 'vista para o mar' e me deram 'vista para a árvore' ". Código de Defesa do Consumidor neles, uai!

Foto (editada): Blog do Zequinha.
http://zequinhapaula.blogspot.com.br/2010/08/dezenas-de-troncos-gigantes-aparecem-na.html

TRÂNSITO:EDUCAÇÃO E INTELIGÊNCIA FAZEM MUITA DIFERENÇA.

Ontem, à tarde, minha mulher foi buscar-me no Conservatório Municipal, Parque do Mocambo, Patos de Minas. Chuva fraca. A entrada para carros é um pouco complicada: do lado contrário de quem habitualmente vem chegando, sendo preciso atravessar a rua; o portão não dá passagem a mais que um carro. É preciso ter cuidado para chegar. A pista de descida também não é muito larga. Dá para a passagem de dois carros, mas com algum aperto. Chega-se a uma área onde vários carros ficam estacionados. Para chegar onde eu estava, minha mulher precisava passar entre carros, à direita, e limites de um prédio, à esquerda. Vinha um carro em sentido contrário. Para que minha mulher pudesse entrar, tinha de deixar passar esse carro, para abrir espaço. Manobrou para a direita, atrás de carros parados e permitiu que o outro passasse. Foi só passar, um carro que seguia o de minha mulher ultrapassou-a, sem qualquer cuidado. Evidente falta de educação e de inteligência. Não havia muito espaço de manobra. O condutor desse carro estava indo buscar uma pessoa. Se era o filho, ou filha, o mau condutor deu-lhe uma grande lição de civilidade. Não consigo entender por que a pressa de uns é mais apressada do que a pressa de outrem. Entendo menos ainda por que é que quem acha a sua mais importante é quem tem poder para determinar isto.
Minha mulher disse que, quando chegou na entrada do parque, aproximava-se um carro, do lado de fora. O mesmo condutor apresentado acima tentou forçar passagem.
Se houvesse um zoológico no Parque do Mocambo, o cara poderia ter ficado por lá. O perigo era atropelar as paquinhas.

Foto: Brasil Nature.
http://www.brazilnature.com.br/brasilnature/fauna/anta.html

19 de nov. de 2012

CIVUCA COSTA CRONISTA - MÃOS LIMPAS

As mãos são o principal tentáculo do ser humano, principalmente quem as sabe manejar bem. Uma tentação. Seja com a bola de basquete. Seja no gol para agarrar a bola que vem de contramão. As mãos são abençoadas quando fazem o bem. As mãos dizem sem mesmo falar. As mãos anunciam até a previsão do tempo. Há tempos que é assim... Mãos são membros em constante perigo. Há mãos que só fazem besteira. Mãos que se queimam. Mãos que furtam, roubam, assinam cheques sem fundo e até apertam gatilho e matam. Essas mãos não prestam.  
Mãos têm que ser e ter carinho. Vestidas sem luvas para acariciar o vento. Mãos que namoram. Mãos que afagam. Mãos que abraçam tantas mãos, quando se afogam. Tantos apertos no peito. Tantas mãos que batem palmas. Mãos que batem nas Marias da Penha. Mãos que machucam. Mãos que abusam do poder. Não dão uma demão a ninguém. Mas há mãos que salvam. As mãos médicas. As mãos que plantam árvores. As mãos que abrem as portas das gaiolas. São as mãos da liberdade. Mãos limpas, mãos lindas!
As mãos que rezam. As mãos que se rendem a outras mãos. Mãos que dão bom dia. Recolhem lixo do chão e plantam sementes na terra. Essas são mãos divinas.
Na semana do ginecologista, uma profissão de paixão que com as mãos cuidam do sexo das meninas. A alma feminina que precisa sempre de mãos. Para os devidos cuidados que só as mãos podem e sabem fazer. Fazer com jeito sem defeito e sem machucar as regiões sensíveis. Incríveis de se descobrir. As mãos que curam. As mãos que procuram dar prazer. As mãos bondosas das bênçãos. As mãos gostosas dentro dos orifícios do corpo da mulher. Mãos que sabem escolher e responder a um chamado. Um chamado de dor. Um grito de amor.
Mãos saudáveis. Mãos que têm pegada. Mãos abraçadas. Mãos que têm boas intenções. Mãos que abrem as portas e as janelas da visão. Depois de por as mãos na terra e plantar sementes. Levante as mãos para céu e agradeça a quem te deu a mão, quando precisou. As mãos divinas. As mãos sagradas. As manhas da manhã. As mãos do coração.
Levante desse chão. Saia do fundo do poço, meu irmão! Não ande na contramão.
Mãos limpas, mãos lindas!

Fotos: Cônica de Reporter - Civuca Costa.

18 de nov. de 2012

FALCÃO: TALENTO COM SUOR

Ouvi, ainda há pouco, no Troca de Passes, 
comentários sobre Falcão, na seleção de
futsal. André Rizek salientou que sempre que se elege o talento, dá certo. 
Com reservas, data venia do senhor André Rizek. Só talento não dá. Ouvi de um professor, há quase 55, que o gênio é dez por cento de inspiração e noventa por cento de transpiração. Ouço isto agora, também, dito como se fosse novidade.
É só prestar atenção no Falcão em campo. Enorme talento. Habilidade demais! Muita confiança em si, porque os "chapéus" que aplica, no meio da quadra - hoje, dois seguidos no mesmo lance - são lances arriscados. No entanto, observei, durante o tempo em que esteve em campo, limitado pelas condições que todo mundo já conhece, que dividiu várias bolas, na defesa, tendo sido bem sucedido. Quanto às muitas e espetaculares firulas que faz, não são poucas as que terminam em gols.
Talento, suor, coragem e objetividade: Falcão.
É uma pena que esteja despedindo-se da seleção brasileira.
Tomara que continue nela, mesmo que só em competições menores, se realmente quiser afastar-se, nem que seja para servir de "indês".

Foto: ABC D ABC.
https://www.abcdoabc.com.br/brasil-mundo/noticia/falcao-se-despede-redes-sociais-obrigado-futsal-74449

AUTORITARISMO: DIRIGENTES PENSAM QUE A INSTITUIÇÃO SÃO ELES



Não consigo entender certas coisas que se passam pelo esporte (e por muitas outras áreas da vida).
O Fluminense conseguiu sagrar-se campeão, por antecipação. Pretendia receber a taça no Engenhão, palco do jogo com o Cruzeiro. CBF disse não. A entrega da taça teria de ser no seleto espetáculo que a entidade promove ao final de cada campeonato, com melhor jogador, artilheiro, melhor goleiro, revelação, essas coisas.
Não por que? Não torço para time algum. Logo, não estou em prol do Fluminense. Pretendo estar em prol da maior entidade dessa instituição que se chama Futebol: a TORCIDA. Quem banca tudo é essa entidade. Não existisse torcida e não haveria "parceiros" que só são parceiros das entidades CBF e Clubes, porque usam a estrutura campeonatos, para promover seus produtos, através, principalmente, de vendas de camisas de Clubes - através das quais colocam um montão de apaixonados para fazer suas marcas circularem pelo mundo, pagando para fazer a propaganda das marcas que "patrocinam" o futebol. Os Clubes, que têm grandes torcidas e, por isto dizem que são seu maior patrimônio, têm patrocínios garantidos. Não sei o que a CBF lucra com isto, mas penso que a entidade não existe de graça. Olha: não haveria nem CBF, nem Federações Estaduais, nem Ligas...
Então, por que roubar ao torcedor do Fluminense - ou de qualquer outro Clube - oportunidade da alegria, da emoção e da inevitável zoação de adversários, assistindo à entrega da Taça? Em nome de uma festa que tem objetivos explicitamente  comerciais e, provavelmente, eleitoreiros?
Não consigo ser um manso. Queria, mas não consigo. Não sou poeta, mas gostei de ler em Vladimir Maiacoviski que "a um poeta manso não se pode chamar poeta".
No meu inconformismo, imaginei que, se tivesse a direção de um Clube Campeão, tentaria uma forma de a Torcida, mesmo com ingressos nas mãos, não entrar no estádio, mas formar, do lado de fora, um grande corredor, em fila dupla, para passagem dos Campeões, sob aplausos e flores, à saída do estádio. Não compareceria à festa da CBF e pediria a jogadores do Clube, homenageados, que não comparecessem também.
Estou certo de que a CBF sentiria o golpe.
Felizmente, algum deus do futebol iluminou as cabeças dos envolvidos na questão, e o Flu recebeu sua taça diante de sua Torcida, que pôde fazer a festa, mesmo em face de uma derrota que não lhe tirou o brilho da conquista.
Amanhã, falarei de FIFA. Acho que também anda pisando no tomate.


Imagem Torcida Flu: Resende SIM.

http://saboiasim.blogspot.com.br/2009/12/homenagem-ao-fluminense-e-torcida.html

NÃO CAI BEM PARA UM CAMPEÃO


No jogo Fluminense x Cruzeiro, hoje à tarde, o Cruzeiro jogou melhor do que o campeão brasileiro. Poder-se-á dizer que o Flu estava desmotivado, que havia relaxado. Rafael Tobis declarou, após o jogo, que é difícil jogar bem após a conquista de um título, que há um relaxamento natural. A observação ao longo do tempo mostra-nos que não é raro um adversário qualquer fazer desandar o chope do campeão, antecipado ou não. Dá para entender: comemoração de título desgasta e não é pecado, pô!
Comento algumas observações que fiz, enquanto assistia ao jogo, pela tv, sobre questões disciplinares, negligenciadas por muitos. Sei que contrario um montão de gente, até especialistas, que acham "bobagem" o juiz fazer voltar uma bola, mandar repetir uma jogada. "Transgredir é próprio dos inteligentes", disse-me, ontem, minha filha caçula. Penso que não: a subversão é necessária mas precisa de ordem para ser feita. Não sendo assim, aparecerá logo a subeversão da subversão. Em seguida, a subversão da... Aí, não para mais pra segurar, parafrazeando Gonzaguinha.
Na primeira saída de bola, do Fluminense, o Fred ficou na metade do campo do adversário. O juiz permitiu que a saída fosse feita, quando o correto é cada time em sua metade do campo. É "bobagem" exigir o correto? Não concordo. O juiz deixando passar isto, outras esquisitices virão atrás.
O juiz apitou uma falta a favor do Cruzeiro. Deco pegou a bola e dirigiu-se para o local da falta. Quando chegou lá, jogou a bola para o local de onde a havia conduzido. Quem jogou bola - qualquer pelada, qualquer campinho - sabe que isto irrita e, conforme os ânimos, pode descambar para violência ou até para briga. Sem falar que tira muito da beleza do espetáculo. Elegância faz mal a ninguém.
Leandro Euzébio fez falta. O juiz apitou. Leandro dirigiu-se a ele, reclamando e, por mímica, deu a entender que o adversário o havia puxado pela camisa. Na repetição do lance, aparece a mão de Leandro puxando a camisa do cruzeirense.
Gum fez pênalte em Marcelo Ramon. Deu para perceber que agarrava o adversário. Reclamou e levou amarelo. Insistiu -"insistentemente" - na reclamação. Passou das medidas. Outro amarelo, seguido de vermelho, não lhe teria ficado mal. A repetição do lance mostrou a mão de Gum na parte inferior da omoplada de Marcelo Ramon, quase sob as axilas. Não é admissível que Gum tivesse intenções amorosas com o adversário.
Prefiro um espetáculo autêntico. Sei que acham-me chato. Mas prefiro, mesmo.
Mesmo porque o que vi, acho, não cai bem em um campeão.
 
Foto: Alagoinhas Notícias.

FELICIDADE: O QUE É? QUAL A CAUSA?

Sei não! Só penso:                                 

Ser feliz com o que tenho é muito fácil.
Quero ver é ser feliz com o que não tenho.



Imagem: AQUARELA
http://aaquarela.blogspot.com.br/

17 de nov. de 2012

AINDA UM POUCO DE AZEDUME


Não passou! Nem sei se vai passar. É só ler os jornais e conseguimos índices quase estratosféricos de azedume. Mas vou guardar um tempo para falar de outras coisas, em outra postagem. Vou aliviar e falar só "um poquim", para não deixar esfriar e para não perder o costume.
Meu último dia em Brasília. Leio o Correio Brasiliense, cortesia do hotel. Chamada de primeira página: "Risco iminente na Esplanada". O texto subjacente diz que "A explisão numa subestação da CEB,..., expôs a precariedade dos equipamentos de combate a incêndios".
Não consigo evitar o pensamento - pessoal, claro, e sujeito a todas as contraditas do mundo - de que este não é o risco maior nem mais iminente na Esplanada. Penso que tem coisa "mais pior" acontecendo lá. Acho, também, que não sou só eu quem pensa assim. Minha filha, que mora aqui, disse-me que um grupo de teatro (acho que é isto mesmo) está levando uma obra intitulada "Brasília - um Plano sem Piloto"). Deve ser de algum autor muito subversivo, com a cumplicidade dos atores igualmente subversivos, que pretendem - todos eles - desestabilizar governo.
Mas não podemos deixar de dar importância àquele risco iminente a que se referiu o jornal. Mesmo porque abre a página 25 informando:

"EXPLOSÃO / Diante da falha do sistema de contenção de chamas da subestação do Ministério dos Esportes, Defesa Civil demonstra preocupação com a segurança de outros edifícios. Alguns prédios não contêm sprinklers, equipamento obrigatório contra incêndios" (negrito em obrigatório é meu).

Em seguida, horroriza: "Alerta na Esplanada". E fala do "não funcionou" e do "se tivesse funcionado". Informa, depois, que em blitz realizada pelo Correio, percorrendo onze dos dezenove prédios na Esplanada, verificou-se que não havia sprinklers em alguns andares de cinco deles.
Não estou, definitivamente, preocupado com os senhores ministros e políticos de alta estirpe que freqüentam os ministérios. Nem mesmo com os funcionarios graduados, os de confiança e até os demais.
Minha preocupação essencial é com "euzinho" mesmo e com aqueles que vivem e transitam na densidade do meu bas fond.
Afinal, se ministros, funcionários graduados, demais funcionários, trabalhando (todos?) na boca do lobo, relegam sua própria e preciosa segurança a nenhum cuidado, a ponto de a Esplanada estar sendo considerada uma bomba relógio, a ponto de negligenciarem até quanto a instalação de equipamentos obrigatórios - obrigatoriedade que nos é imposta a todos, por leis instituídas lá naquela mesma Esplanada - como é que poderei acreditar que tenham tempo de se preocupar com a minha segurança - e de todos os co-habitantes de meu bas fond?

Foto: Mídia News.
http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=8&cid=140659

16 de nov. de 2012

AZEDO! MUITO AZEDO!

Explosão no subsolo do Ministério do Esporte matou um funcionário da Companhia Energética de Brasília e deixou outro ferido
Acordei azedo, hoje! Acordei, não. O dia é que está muito  azedo, segundo as notícias que leio no Correio Brasiliense. Primeira página: "Explosões em ministério mata servidor da CEB - Outro funcionário está internado na UTI". Chamadas menores, ainda na primeira página: "Força-tarefa para enfrentar caos na prisão"; "Quatro vítimas de sequestros em 14 horas"; "Bem longe do hospital Gislene Ramos, que deu à luz a Alan no chão do hospital de Ceilândia, já está em casa com os filhos, mas não esquece o que viveu: 'Nunca mais volto ali' "; "Babá agride bebê e mãe grava tudo". "É demais pros meus sentimentos, tá sabendo?" (Chico Anysio). Nem as amenidades anunciando Marisa Monte, com o espetáculo "Verdade uma ilusão"; Alexandre Borges e Juliana Martins com a peça "Eu te amo"; sucesso de "Uma vez eu, Verônica", longa pernambucano no Festival de Brasília e "Ziraldo, o todo-poderoso", aos oitenta anos, nem tudo isto me livra do azedume. Porque,de quebra, o jornal me informa que Santa Catarina está em ritmo de São Paulo - no crime, claro, e nas dificuldades para contê-lo - e da polêmica que causa a declaração do Ministro da Justiça, de que prefere morrer a cumprir pena longa em uma prisão brasileira.
Interessante é que, para variar, a declaração do Ministro é imediatamente posterior às condenações de denunciados na Ação Penal 470. Mais interessante, ainda, é a notícia  de que o Palácio do Planalto liberou R$1,1 bilhão para os Estados e o Distrito Federal ampliarem o número de vagas nos presídios ("a injeção de recursos do Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional foi anunciada ontem..."). Mais interessante é a informação de que o candidato Fernando Henrique Cardoso apresentou, na mão espalmada, os cinco pontos mais importantes de que trataria: emprego, saúde, agricultura, segurança e educação. Diz a colunista Denise Rothemburg que, passado o tempo, sem "providenciamento urgente" (Dias Gomes, por boca de Odorico Paraguassu), FHC foi à campanha do segundo mandato e segurança "deixou de ser um dos dedos da mão espalmada". Só quando de um evento de grande repercussão - o sequestro do ônibus 147 - deu à luz o Plano Nacional de Segurança Pública "...com ares de uma resposta à sociedade...". O sucessor, presidindo o Instituto da Cidadania,  veio com outro plano para o setor. Que reformula, com o Plano Nacional de Segurança com Cidadania - o Pronasci. A colunista - em que encontrei uma elegância que não tenho, porque cita as autoridades pelos nomes e sobrenomes - ofereceu-me uma análise do trato dado à matéria, nos últimos quase vinte anos. Sintetiza "...plano-vai-plano-vem... mais discurso do que prática".
Dá ou não dá para ficar azedo? Vem a Brahma, através da Agência África, xingar-me de pessimista
(http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/11/propaganda-que-xinga-gente.html), só porque as notícias de atrasos em execução de várias obras para a copa, que estão sendo anunciadas aos sete ventos, deixam-me em dúvida.
Agora, querem que me mantenha calmo, mesmo em face de seqüestros relâmpago, pânico em São Paulo e em Santa Catarina (nada nem ninguém me garantindo que não há como nem porque tornar-se epidemia), uma única notícia má sobre saúde - que me aparece com alguma freqüencia, um explosão com vítimas em um ministério - sem contar danos materiais.O Ministério dos Esportes diz que "...a sala onde ficam os três transformadores é de acesso restrito aos funcionários da CEB e o órgão não tem nenhuma responsabilidade pela falha no sistema" e o Subsecretário de Operações da CEB "...ressaltou  que a manutenção desse equipamento é de responsabilidade do ministério". Cada um dos eventualmente responsáveis: "tô inocente", no linguajar de Adoniran Barbosa.
Não sou pessimista. Mas acho que aumentar o poder aquisitivo das pessoas não é, definitivamente, melhorar o mundo.

Foto: Veja
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/explosao-mata-eletricista-no-ministerio-do-esporte

12 de nov. de 2012

ONDE ELE JOGA NÃO NASCE GRAMA



Fluminense campeão brasileiro! Tetra! Parabéns. Pode ter sido ajudado "pela sorte". Escrevi, aqui, que a ajuda do juiz que apitou o jogo Atlético 3 x 2 Flu, no segundo turno, foi além daquele jogo
(http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/10/a-ajuda-do-arbitro-foi-alem-do-campo.html). Mas o Fluminense foi, de fato, o time mais competente, no curso de todo o campeonato. Com a fórmula de pontos corridos, a regularidade é um item importante. O Fluminense teve regularidade.
A foto de Fábio é postada como
homenagem a um goleiro que soube
envergar a camisa do Cruzeiro, quando teve peso,
e que teve humildade para vesti-la em fase adversa.
Não concordo como o povo encara uma conquista. O grande herói é sempre o que faz os gols. Hoje, mesmo, pela manhã, ouvi um comentarista dizer que Fred foi o grande herói do título. Acho que falam isto para agradar o povo, repetindo seu sentimento. Garante audiência.
Parece que futebol não é um esporte coletivo. O herói é o indivíduo que supera todos os outros.
Millôr Fernandes escreveu que o trabalho de equipe dispensa o herói.
Nessa leréia toda, o goleiro é sempre esquecido. Goleiro não ganha jogo. Tirando Rogério Ceni, que é goleador e um ou outro que lhe está seguindo os passos, goleiro empata, no máximo. Se pegar tudo, pode ficar zero a zero. Ganhar, não ganha.
Por que esta birra minha? Porque Diego Cavalieri foi um goleiro muito competente. Manteve excelente condição, durante todo o campeonato. Mas o grande herói, mesmo, é só o goleador.
Provavelmente por isto foi que José Martins de Araújo Júnior - mais tarde, Don Rossé Cavaca - jornalista esportivo morto em 1965, escreveu: "Desgraçado é o goleiro, até onde ele pisa não nasce grama". Os mais velhos irão lembrar-se de que, há algum tempo atrás, a área do goleiro era um semi-círculo, com raio correspondente à metade do tamanho da linha de gol. Ali não brotava grama. Alguns chamavam de zona do agrião.
Seguem os goleiros sua saga: tomou gol fácil, é frangueiro; fechou o gol, ninguém se lembra mais, logo após a marcação de um gol, pelo herói do campeonato. Melhor a tese de um amigo, goleiro amador: "goleiro não é parede".

Foto: TORCEDORES.COM

https://www.torcedores.com/noticias/2020/03/de-olho-no-classico-goleiro-fabio-pede-apoio-a-torcida-do-cruzeiro

11 de nov. de 2012

26 DE DEZEMBRO: DIA DE SANTO ESTÊVÃO

Não sei se meu avô era devoto de Santo Estêvão. Ou se era tremendo cara de pau. Uma parte da descendência - minhas filhas - optam pela segunda hipótese. Dizem que é hereditário.
Dona Ephigenia contou-me que, num dia de Natal, meu avô chegou em casa "trubiscado", como dizia ela, bêbado no popular. Minha avó segurou a onda. No dia seguinte, 26 de dezembro, meu avô reincide, voltando para casa muito amigo do Zorro. Aí minha avó abespinhou-se, em um português cheirando a italiano:
- Você já chegou bêbado ontem. Por que chegou bêbado hoje, outra vez?
Meu avô rebateu de sem-pulo:
- Ontem em bebi porque era Natal. Hoje, bebi porque é dia de Santo Estêvão.

Imagem: Pixton
http://www.pixton.com/br/comic/eb79cyuk


CABO TEODOLITO

Cabo Teodolito nasceu por necessidade de seu criador. Capitão da Polícia Militar de Minas Gerais, estava trabalhando com o Coronel Manoel Doro Pereira, de todos aqueles com quem trabalhei, o que mais me promoveu na Corporação (não promover de um posto para outro, mas mostrar o meu trabalho e badalar-me sempre que podia). Nunca o esqueço como a pessoa que mais se interessou por mim. Mas acho que não podia conter-se de fazer alguma sacanagenzinha, ainda que contra mim. Foi quando tentou introduzir a Dedé na minha vida. A Dedé era uma viúva, belos olhos azuis, com idade considerada avançada, no mercado de disponíveis, e que apregoava demais sua viuvez, dizendo-se muito solitária. Não sei se a intenção de meu chefe era livrar-se da Dedé ou simplesmente dar uma de bom samaritano e arranjar uma companhia para ela. Não me interessou, jeito nenhum. Telefonava-me sempre, declarava sua condição de viúva solitária, esses babados. Desviava-me, apelava pros meus santos, não adiantava. O telefone ficava na minha mesa e capitão não tinha telefonista. Foi quando resolvi dar à luz o Cabo Teodolito.
Desde então, passei a atender ao telefone:
- Inspetoria Geral, Cabo Teodolito.
Quando era a Dedé, perguntava por mim. Informava que o capitão estava viajando e que só chegaria na semana seguinte. Ou que estava em alguma missão que o manteria fora da repartição por alguns dias. Ou outra desculpa qualquer. A Dedé não se mancava. Insistita... Insistia... Insistia...
Mas o Cabo Teodolito era bom de serviço. Um belo dia, disse para a Dedé que o capitão estava hospitalizado e que seu estado era nada alentador, que não sabia se sairia de lá.
Foi o bastante para que a Dedé desencarnasse. Que arranjasse outro pretendido porque ela não era, definitivamente, meu sonho de romance.
Pouco tempo depois, passei a trabalhar com o Coronel José de Andrade Drumond, Chefe do Estado Maior da PM. Um degrau acima daquele em que estivera. De uma certa forma, fora promovido. Por justiça, promovi o Cabo Teodolito. Desde então, Sargento Teodolito.
Certo dia, atendi ao telefone:
- Chefia do Estado Maior, Sargento Teodolito!
- Sargento Teodolito? Que negócio de teodolito é esse?
Era o chefe. Fora instrutor de topografia e sabia bem o que era um teodolito. No mais, quando era surpreendido, não escondia e costumava não deixar barato. Tive calma:
- Sou eu, Chefe! Desculpe-me, mas esse tal de Sargento Teodolito é um auxiliar precioso, que me quebra vários galhos. Tive de recrutá-lo e tomá-lo a meu serviço.
O Coronel, sempre muito bravo, era compreensivo com seus auxiliares.
Seguiu Sargento Teodolito até que fui promovido a major. Tinha de promover também aquele que me era imprescindível. Virou Subtenente Teodolito. Mais tarde, Tenente Teodolito, quando fui promovido a tenente-coronel. Finalmente, transferido para a reserva, promovido ao posto de coronel, não tive como não transferi-lo também para a inatividade. Embora não tivesse o mesmo tempo de serviço que eu - já contava quase quinze anos de serviço, quando o dei à luz, início de sua carreira  - achei que o descanso da vida castrense era-lhe merecido. Prestara-me serviços relevantes.
Virou Capitão Teodolito.