Há mais de 20 anos eu cumpro uma missão
sempre possível. Basta querer e ter vontade política e compromisso sério com a
natureza. Uma espécie de casamento de papel passado em defesa da vida. Todo fim
de semana eu planto árvores. Seja aonde vou, seja onde estou. Quando fui à
Bahia, plantei grãos mineiros lá e trouxe espécies baianas e plantei aqui.
Plantar árvores e colecionar sementes tornou-se um hábito. Uma mania natural.
Para o meu bem e para bem do meio onde vivemos. Toda fruta que consumo eu
guardo as sementes para serem plantadas na hora certa. O importante é botar a
mão na massa. O importante é botar a mão na terra. Tudo pela paz, nada para a
guerra.
Como diz o compositor Vital Farias: “Não
jogue lixo no chão, chão é pra plantar semente”. É isso aí. Chão é para plantar
árvores e grãos. Levando ao pé da letra o ditado “quem planta colhe”, vou
plantando sementes por aí. O bom é que sempre encontro pessoas e tantas pessoas
agraciadas pelas minhas árvores que às vezes nem me lembro para quem eu doei as
mudas de frutíferas que me recordam dizendo: “Olha, o pé de pinha já está dando
frutos”. Outra diz: “O pé de amora está carregadinho”, “o abacateiro que você
me deu há 10 anos está todo florido”. Sem esquecer dos ipês que espalhei nos
quatro cantos de Patos de Minas, nas fazendas de amigos. Plantei muda de
árvores em volta da nascente do nosso rio, que nasce na cidade vizinha de Rio
Paranaíba. Como estarão essas árvores agora? Não sei. Fiz minha parte.
Uma vez eu finquei um pé de pau-brasil
bem no centro do Parque do Mocambo, como se fosse um marco. Uma bandeira. Isso
faz uns 12 anos. Não sei como a árvore está. Se sobreviveu a tantas mazelas e
descaso público para com aquele horto florestal. Uma dádiva divina. Um parque
bem no centro da cidade. Deve ser mais bem cuidado. Muitas árvores nossas foram
plantadas lá. As árvores são de todo o mundo, mas alguém tem que plantá-las e
cuidá-las. Falando em árvores, como as ruas de Patos de Minas estão secas e
feias, heim? Sem verde, sem sombras, sem árvores. Sem sobras de dúvida algo
está errado. Existem ruas nos bairros que não têm uma árvore sequer em frente
alguma casa qualquer. Que tristeza! Que falta de cidadania! Que falta de
inteligência de muita gente!
Mas a grama no jardim do vizinho é
sempre mais verde. O vizinho não planta árvore em frente à sua residência, mas
bota o carro debaixo da árvore do vizinho do lado. Usufruindo da sombra do
próximo. Afinal, pimenta no olho dos outros é refresco. O plantador de árvores
faz a sua parte. Mesmo com o resto cortando as frondosas paineiras em nome da
especulação imobiliária e com medo de ladrão pular o muro utilizando os galhos
da árvores. A culpa é das árvores, coitadas. O mundo paga o preço. Os inocentes
pagam pelos pecadores. Verde que te quero ver-te. Ecologia, eu quero uma pra
viver!
Como diz o compositor Sérgio Ricardo:
“Cada verso é uma semente no universo do meu peito”. Por isso escrevo versos e
planto árvores. Que cada um faça a sua parte antes que seja tarde.
Imagens: Civuca Costa.
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