Acordei azedo, hoje! Acordei, não. O dia é que está muito azedo, segundo as notícias que leio no Correio Brasiliense. Primeira página: "Explosões em ministério mata servidor da CEB - Outro funcionário está internado na UTI". Chamadas menores, ainda na primeira página: "Força-tarefa para enfrentar caos na prisão"; "Quatro vítimas de sequestros em 14 horas"; "Bem longe do hospital Gislene Ramos, que deu à luz a Alan no chão do hospital de Ceilândia, já está em casa com os filhos, mas não esquece o que viveu: 'Nunca mais volto ali' "; "Babá agride bebê e mãe grava tudo". "É demais pros meus sentimentos, tá sabendo?" (Chico Anysio). Nem as amenidades anunciando Marisa Monte, com o espetáculo "Verdade uma ilusão"; Alexandre Borges e Juliana Martins com a peça "Eu te amo"; sucesso de "Uma vez eu, Verônica", longa pernambucano no Festival de Brasília e "Ziraldo, o todo-poderoso", aos oitenta anos, nem tudo isto me livra do azedume. Porque,de quebra, o jornal me informa que Santa Catarina está em ritmo de São Paulo - no crime, claro, e nas dificuldades para contê-lo - e da polêmica que causa a declaração do Ministro da Justiça, de que prefere morrer a cumprir pena longa em uma prisão brasileira.
Interessante é que, para variar, a declaração do Ministro é imediatamente posterior às condenações de denunciados na Ação Penal 470. Mais interessante, ainda, é a notícia de que o Palácio do Planalto liberou R$1,1 bilhão para os Estados e o Distrito Federal ampliarem o número de vagas nos presídios ("a injeção de recursos do Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional foi anunciada ontem..."). Mais interessante é a informação de que o candidato Fernando Henrique Cardoso apresentou, na mão espalmada, os cinco pontos mais importantes de que trataria: emprego, saúde, agricultura, segurança e educação. Diz a colunista Denise Rothemburg que, passado o tempo, sem "providenciamento urgente" (Dias Gomes, por boca de Odorico Paraguassu), FHC foi à campanha do segundo mandato e segurança "deixou de ser um dos dedos da mão espalmada". Só quando de um evento de grande repercussão - o sequestro do ônibus 147 - deu à luz o Plano Nacional de Segurança Pública "...com ares de uma resposta à sociedade...". O sucessor, presidindo o Instituto da Cidadania, veio com outro plano para o setor. Que reformula, com o Plano Nacional de Segurança com Cidadania - o Pronasci. A colunista - em que encontrei uma elegância que não tenho, porque cita as autoridades pelos nomes e sobrenomes - ofereceu-me uma análise do trato dado à matéria, nos últimos quase vinte anos. Sintetiza "...plano-vai-plano-vem... mais discurso do que prática".Dá ou não dá para ficar azedo? Vem a Brahma, através da Agência África, xingar-me de pessimista
(http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/11/propaganda-que-xinga-gente.html), só porque as notícias de atrasos em execução de várias obras para a copa, que estão sendo anunciadas aos sete ventos, deixam-me em dúvida.
Agora, querem que me mantenha calmo, mesmo em face de seqüestros relâmpago, pânico em São Paulo e em Santa Catarina (nada nem ninguém me garantindo que não há como nem porque tornar-se epidemia), uma única notícia má sobre saúde - que me aparece com alguma freqüencia, um explosão com vítimas em um ministério - sem contar danos materiais.O Ministério dos Esportes diz que "...a sala onde ficam os três transformadores é de acesso restrito aos funcionários da CEB e o órgão não tem nenhuma responsabilidade pela falha no sistema" e o Subsecretário de Operações da CEB "...ressaltou que a manutenção desse equipamento é de responsabilidade do ministério". Cada um dos eventualmente responsáveis: "tô inocente", no linguajar de Adoniran Barbosa.
Não sou pessimista. Mas acho que aumentar o poder aquisitivo das pessoas não é, definitivamente, melhorar o mundo.
Foto: Veja
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/explosao-mata-eletricista-no-ministerio-do-esporte
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