21 de dez. de 2022

É O FUTEBOL...

Ainda não havia decidido a manifestar-me sobre a seleção brasileira. Mas assisti, hoje, a um comentário no SporTV: falava-se sobre o jeito argentino de torcer, com foco na recepção dos campeões do mundo em Buenos Aires. Aí, um dos comentaristas disse que o jeito brasileiro de torcer ficou marcado pela decisão da Copa de 50: o torcedor começa a procurar culpados. Acrescentou que estava com uma turma, e as pessoas - cada uma delas - apontavam um elemento de culpa: dancinha, cabelo louro... Como diz a canção, "não dá pra disfarçar; desta vez doeu de mais". "Pronto! Falei! Não se trata de meter o pau em uma participação. É uma permanência: o modo de torcer dos torcedores, treinadores, comentaristas, etc. e até jogadores é: otimismo exagerado antes e caça às bruxas depois.

Mas vamos combinar: adorei ter visto o Viola correndo ao orelhão, na beirada do campo, para ligar para sua mãe e contar-lhe que havia feito gol. O Parreira barrou (foi o que vi o Viola comentando). Comentei que o jogador mostra que é craque até o momento em que a bola entra. Depois, pode fazer o que quiser, desde que não seja ilegal, nem imoral, nem engorde. Achava muito bacana, também, o Alexandro comemorar gols imitando o próprio pai, o Lela; e o William "Bigode" homenagear o pai. Mas nada disso virou polêmica. Era coisa para dentro do campo e não para uso externo (querem culpar as redes sociais?).

Quando Neymar entrou em campo, na Copa de 18, com um enorme topete dourado, minha mulher comentou: "esse cara não está preocupado em jogar futebol; isso aí demora mais de três horas para fazer; ele não está pensando em jogar futebol". Ora direis: mulher não entende de futebol! Entende sim! Mas a minha, além de entender de futebol, entende também - e muito - de vaidades.

Lembro-me de um jogador da seleção de Telê ter comentado que um jogador (não me lembro quem) apresentou-se com o cabelo produzido. Telê mandou que fosse cortar o cabelo e se apresentasse depois. Então foi por isso que o Telê não ganhou copa? Penso que não. Telê teve uma trajetória brilhante, internacional inclusive, com o São Paulo.

Vamos atualizar: alguém viu, dentre os quatro finalistas, alguém com o cabelo pintado e outras matreirices?

Antes da copa, comentei que a seleção brasileira não fizera nem um jogo treino com seleção europeia de respeito. Depois da desclassificação, vi alguém comentando isto na TV. Só depois! O que vi da imprensa, antes, foi só manifestação de otimismo: o Brasil (prefiro falar em Seleção Brasileira) é um dos favoritos (citavam no máximo 4); o Brasil deve cruzar com a França na semifinal (não havia chegado às quartas ainda). E assim por diante.

Penso que há muita coisa para mexer com o futebol brasileiro, antes de criticar uma participação em evento. Penso que há comportamentos prejudiciais de treinadores, de comentaristas, de jogadores, de árbitros, de dirigentes, da imprensa... Um conjunto de fatores que penso que dificulta as mudanças. 

Se querem, de fato, mudar, temos dois anos pela frente, para pensar em um modo de tentar uma participação marcante nas Olimpíadas.

Só que vi comentaristas escalando a seleção de 2026.


Foto: globo.com g1 ge

https://ge.globo.com/olimpiadas/futebol-olimpico/noticia/2016/08/ouro-subiu-cabeca-jogadores-pintam-cabelo-pela-conquista-inedita.html


Nenhum comentário: