24 de set. de 2023

NAS RELAÇÕES ENTRE AUTORIDADES DE NÍVEIS DISTINTOS O SILÊNCIO PODE SER MUITO ELOQUENTE

Ouvi e li em rodapé hoje, pela CNN, um conceito que me incomodou muito. Estava lá com todas as letras (fui conferir na página eletrônica da emissora e lá encontrei):


"Silêncio de comandantes não significa apoio a golpe".

(https://www.cnnbrasil.com.br/politica/silencio-de-comandantes-nao-significa-apoio-a-golpe-diz-a-cnn-ex-presidente-do-stm/)

Andei revisitando meu próprio passado e percebi vários momentos de alguns silêncios que foram muito eloquentes. Dispenso-me de enumerar.

Prefiro abordar fatos ocorridos no governo passado (para apressadinhos: não significa que tenho qualquer ligação ideológica, afetiva, devocional ou qualquer outra com o atual).

Pois não é que, quando de visita ao Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, em abril de 2020, o ex-presidente Bolsonaro cumprimentou estendendo a mão e recebeu o cumprimento pelo cotovelo de dois militares - o general Edson Pujol, comandante do Exército e o general Antônio Mitto. O vídeo divulgado pelo UOL, mostrando a cena, está em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/30/bolsonaro-tenta-apertar-a-mao-de-militares-e-recebe-toque-de-cotovelo.htm.

E olha que eu aprendi, com o Tenente Domingos, em 1954, aos 14 anos de idade, no Batalhão de Guardas, Belo Horizonte, PMMG, que, quando um superior oferece aperto de mão a um subordinado, este não pode recusar o aperto de mão, mesmo que pense: "é o primeiro pé de porco que pego hoje".

Aprendi, também, com o Coronel PMMG Walter Rachid Bittar que qualquer que detenha algum grau de autoridade, deve ser capaz de usar essa autoridade de cima para baixo e, sem embargo, de baixo para cima.

Não terão sido grandiloquentes esses dois silêncios feitos pelos referidos militares do Exército, em face do Comandante em Chefe das Forças Armadas?

Penso que o ex-STM referido na reportagem possa ter razão, no que afirma que o silêncio não significa apoio ao golpe. Mas penso, também, que não significa repulsa.

Explico-me: se o silêncio é grandiloquente, como foi aquele em Porto Alegre, significa repulsa a algo. No caso, ao menosprezo do ex-presidente pelas medidas preventivas contra covid. Se o silêncio é subserviente, no mínimo não significa repulsa. Miro o ensinamento de Deepak Chopra: o não revelado é o campo de todas as possibilidades. Posso pensar o que quiser.

Tenho pensado muito: estamos girando em um mundo que oferece muitas dificuldades para uma vida racional, psicológica, lógica, etc., razoavelmente saudável. Não sendo assim, estarei absolutamente desconectado de toda racionalidade do mundo. "Disonlaine", como ouvi de um desses gozadores que a rede nos apresenta.


Imagem: Silêncio ensurdecedor.

https://www.facebook.com/osilencioensurdecedor/

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