2 de mai. de 2021

CÚPULA DE LÍDERES SOBRE O CLIMA - PROJEÇÕES A LONGO PRAZO REMETEM-ME A DIAS GOMES E A MILLÔR FERNANDES.

Tudo muito bacaninha, como diria Stanisaw
Ponte Preta. Sempre desconfiado (não pessimista, que pessimista não precisa de motivo), acabo remetido a Dias Gomes e a Millôr Fernandes. Quanto a Dias Gomes, lembro-me de uma cena da novela "O Bem Amado": Dirceu Borboleta volta-se para o prefeito Odorico e diz: "Prefeito, o senhor precisa marcar uma data para inaugurar o cemitério.". Odorico pergunta por que e Dirceu responde: "O povo está falando que o senhor nunca vai inaugurar o cemitério". Odorico: "e o que é que adianta marcar uma data?". Dirceu: "Pelo menos, é uma contra-informação". Odorico, peremptório: "Contra-informação é providenciamento urgente!" Ou seja: "só preciso é de um defunto", não explícito.

Vi muitas críticas ao presidente da república, indagações de "irá cumprir o que está prometendo?" (há compromisso para 2030), como se fosse só ele. Infelizmente, tenho de dizer que não morro de amores pelo Sr. Jair, porque alguns apressadinhos irão dizer que pertenço ao "lado dele". Não cogito de "lados".

O que é importante é matutar sobre a redução de dez anos no prazo limite para finalização de compromissos, de 2060 par 2050, e sobre os compromissos, atribuídos a Biden, de reduzir 50% das emissões de gases efeito estufa até 2030, e de zerar até 2050. Afinal, será que os volumes lançados a futuro estarão indicando que, no momento, pouco ou nada se faz? Não se trata de "contra-informação"?

Penso que compromisso envolvendo objetivos lançados para o futuro tornam-se pelo menos palatáveis, se houver indicação de objetivos intermediários. Não sendo assim, se nada do compromissado vier a ser feito até 2029 e 2049, estará tudo certo. Os prazos não terão vencido. Compromissos absolutamente vagos.

E o que é que o Millôr tem a ver com isso?

Bom, em 20/12/2019, cadikim postou um dos pensamentos do Livro Vermelho de Millôr, com anotações (https://cadikimdicadacoisa.blogspot.com/2019/12/millor-em-pedacinhos-com-anotacoes-do.html), pensamento que vem a calhar. Repito-o apenas, registrado como "Conversa com Negrão de Lima, Político, 1972"):


"Cuidado com os administradores públicos que lançam todo o peso de sua ação para um futuro remoto. Nem eles, nem os críticos, estarão lá para verificar o acerto das medidas tomadas no presente. Geralmente o lucro do futuro parte de um presente bem administrado."


Res sic stantibus (ah! esse latinório pavoroso, como dizia meu professor Artur Versiani Veloso) - ou seja, se as coisas ficarem como estão - ninguém poderá assegurar a presença do Sr. Jair e do Sr. Biden na presidência em 2030. Se reeleito, o Sr. Jair ficará até 2026, não se sabendo se o futuro presidente virá a ser do seu partido; Biden até 2028, incidindo a mesma dúvida quanto à continuidade dele no poder, fora da presidência.

Acho que o Millôr está com a razão: cuidar de um "agora" bem administrado, com vistas a lucro no futuro.

Quem viver verá!


Imagem: CNN BRASIL

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2021/04/23/segundo-dia-da-cupula-do-clima-tera-foco-em-tecnologia-e-economia


Citação de Millôr: O Livro Vermelho dos Pensamentos de Millôr, pág. 138.


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