O eleitor, coitado, sempre crédulo, votando em alguém. Trocava UDN pelo PSD, o PSD pela UDN. UDN pelo PSD, de novo. Talvez para não ficar igual àquele português que viajava, em um bonde literalmente vazio, em noite de tempestade. Enorme goteira despejava água sobre o pobre passageiro, "a píncaros" (como dizia o narrador esportivo Walter Abrahão, gostosamente, referindo-se a "cântaros" e, de quebra, criticando pouca intimidade com vocabulário mais rico). Veio o condutor e perguntou: por que o senhor não troca de lugar? E o cara, ensopado: mas trocar com quem?
Fechemos parênteses e voltemos às promessas de palanque. Sempre dando em nada.
Adulto (desculpem pela pretensão), vi o povo tentando trocar ARENA por MDB sem conseguir. Eleição indireta, não tinha jeito. Depois, PDS por PMDB. As propostas de mudanças cada vez mais criativas (os agravamentos de crise exigiam soluções mirabolantes, porque não cabiam mais as soluções simples de antanho). E nada! A crise se aprofundando cada vez mais.
Veio a pré-nova república, com um novo mágico, cartola em punho, conseguindo a mágica de harmonizar "caminhando e cantando" com "quero falar de uma coisa" e outras bossas. Deu no que deu. Nem é bom falar! O povo cada vez mais na pior! Só levando ferro!

Fim de século, plena era dos mágicos de... ohs!
Nota do cadikim: texto do blogueiro, publicado no jornal "Correio do Triângulo", em Uberlândia, na década de 1980.
Imagem: WillTirando.
http://www.willtirando.com.br/o-grande-magico-de-oz/
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