21 de dez. de 2017

O "ESPADA DE PAU"

Foi num livro que minha mãe me deu que conheci essa estória. Nome do livro: Contos Morais e Cívicos do Brasil. Referências a atos edificantes, de honestidade, probidade, coragem... tudo de bom, até chegar no último "conto" - "O Espada de Pau". Por aí, podemos ver que a malandragem brasileira já era um destaque desde os tempos do primeiro império.
Conta que D. Pedro I, que era chegado a uma matrifusia, costumava sair nas noites cariocas, frequentando tudo que era lazer noturno e discreto, sempre disfarçado evitando ser reconhecido. Em um bar, viu um soldado bebendo muito mais do que lhe permitia seu modesto soldo. Acabou abordando o militar e perguntou-lhe como é que conseguia beber tanto - e pagar - se seus vencimentos eram modestos. O soldado respondeu, prontamente, que empenhava sua espada e que, assim, podia gastar à larga, com bebidas. O imperador obtemperou (imperador obtempera), perguntando como é que ele se apresentava armado de espada. Redarquiu (soldado redarque - não sei se se conjuga assim, no google encontrei redarqui, mas penso que isto será passado) que estavam expostos os copos da espada, mas que a "lâmina" era de madeira.
Passou-se algum tempo e o imperador foi passar em revista as tropas da guarda imperial. Identificou o tal soldado entre os que estavam formados. Dirigiu-se a ele:
- Soldado! Tenho notícia de que você é um excelente esgrimista. Quero experimentar a sua força, para avaliar se é capaz, realmente, de pertencer a esta guarda que vela pela minha segurança. Saia de forma e venha cruzar ferros comigo!
O soldado tornou, humilde:
- Majestade! Jamais seria eu capaz de levantar minha espada contra meu imperador!
- Faço questão, soldado, de conhecer sua força e sua habilidade. Venha duelar comigo!
- Majestade! Eu seria o mais vil dos soldados se erguesse minha espada contra meu imperador!
- Sem conversa, soldado! Saia de forma e venha duelar comigo!
O soldado adotou uma atitude mística: ajoelhou-se, mão no peito, face voltada para o céu e bradou:
Minha virgem nossa senhora! Eu lhe suplico, humildemente! Se eu tiver realmente de levantar minha espada contra meu imperador, que ela se transforme numa espada de pau.


Imagem: Saber Crescer.
http://sabercrescerblog.blogspot.com/2013/10/realizacao-de-escudos-espadas-e-cavalos.html

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