24 de abr. de 2014

A LINGUAGEM COMO LIMITE

Leio na revista Veja, edição 2370, de 23 de abril, em Panorama Veja Essa:


"Os limites da minha linguagem significam os limites do meu próprio mundo."

Assinado por Ludwig Wittgensteins, filósofo austríaco.

Incomodou-me muito, atentando para meus limites de pouquíssimos conhecimentos da língua inglesa (uma birra minha, por achar os estadunidenses imperialistas, e não gostar disto), e também para meus limites com a música. Caminho muito devagar no entendimento e na compreensão.
Hoje, tive a oportunidade física de ver que pode realizar-se melhor quem consegue superar os limites de sua linguagem. Estava em um shopping em que dá de tudo, na Avenida Paulista: perfumes, bolsas, roupas, eletrônicos, óculos... Muitos estrangeiros exercendo o comércio, com predominância de mulheres nas lojas de moda. Parecem japonesas mas verifico que, na maioria, são coreanas.

Paramos - minha mulher e eu - em uma loja de óculos de sol. Pois não é que as moças conseguem exercer bem o seu ofício de 
vendedoras utilizando-se de um número muito pequeno de palavras e de expressões em português? Não mais do que "cique"
(chique), "podelosa", "neutlo", "de verdade" e "com certeza". Enquanto a cliente experimenta um exemplar, a vendedora fala: "cique"; esse é "neutlo"; "podelosa". À medida que a negociação vai evoluindo, a vendedora muda um pouco o lacônico discurso: "de verdade"; "com certeza". Observando, comentei com minha mulher que a vendedora usava "cique", "neutlo" e "podelosa" como elementos 
de persuasão; conforme o encaminhamento, usava "de verdade" e "com certeza" como tentativas de fechamento de negócio. Deve funcionar. No mínimo, a coreana consegue comunicar o seu interesse com cinco expressões apenas.
Vou tentar alargar meus limites, de que falei aí em cima. Quem sabe...

Imagem: CAMPO GRANDE NEWS.
https://www.campograndenews.com.br/colunistas/em-pauta/brasil-ve-o-surgimento-de-uma-nova-torre-de-babel

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