Com Adoniran Barbosa, companheiro de sambas e de boemia. |
Nesta hora, Paulo Vanzolini estará confraternizando com Adoniran Barbosa e com outros grandes da Música Popular Brasileira. Se estiver certo Billy Blanco - que estará por perto, com certeza:
"Quando morre um sambista, no céu é motivo de festa
Porque os anjos que são da seresta se alegram também.
Todo o céu vira um enorme terreiro,
os clarins dão lugar ao pandeiro
que marca a chegada de alguém.
O Noel, que morreu e chegou lá primeiro,
é o chefe do Santo Terreiro de Nosso Senhor."
Nota: Não sei se o texto da parte transcrita do poema está absolutamente correto. Recorri só à memória para postar esta notícia. São lembranças de juventude que pude rever no livro "Tirando de Letra e Música", do Billy. Estou fora do ninho, onde tenho algumas estorinhas guardadas. Tenho um texto lindo sobre o biólogo - compositor - boêmio Paulo Vanzolini, colhido na capa de um vinil (que o Antônio Saccho me emprestou e que não devolvi até hoje). Da próxima vez em que for a Uberlândia, procuro-o e devolvo. Peças raríssimas! (o vinil e o Saccho). Prometo, também, postar o texto lindo.
Paulinho acaba de chegar lá. A Ana - minha mulher - telefonou-me há poucos minutos, para dar-me a notícia. Sabe como gosto de Paulo Vanzolini. Ainda lembranças da juventude. Nunca o vi pessoalmente, mas tenho muita notícia dele, que ele mesmo deu, em obras que conheço, e pinçadas em algumas publicações, principalmente o texto referido.
Paulo Vanzolini formou-se em medicina. Nunca exerceu. Zoologia foi seu roteiro profissional, reconhecido além das fronteiras do país. Boêmio conhecido de poucos. Segundo o autor do texto lindo (quando postar, é claro que darei o nome; não tenho na memória), Paulinho não queria gravar suas composições. Queria que sua obra artística ficasse conhecida por tradição oral. Acabaram convencendo-o a gravar. Tenho uma gravação por Paulo Marquez e Carmem Costa.
O samba mais famoso é "Volta Por Cima":
Chorei. Não procurei esconder.
Todos viram.
Fingiram pena de mim
não precisava.
Ali, onde eu chorei,
qualquer um chorava.
Dar a volta por cima,
que eu dei,
quero ver quem dava.
Um homem de moral
não fica no chão.
Nem quer que mulher
lhe venha dar a mão.
Reconhece a queda
e não desanima:
levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima.
Também não sei se corresponde ao original. Só memória. "Ronda" é outra obra muito conhecida, principalmente nas rodas boêmias.
Gosto mais, porém, de "Capoeira do Arnaldo", em que Paulo Vanzolini indica o poder da educação (sem falar nisto).
Quando voltar ao ninho, trarei o tal "texto lindo" e "Capoeira do Arnaldo". Mas a rede contém muita informação, letras e músicas. Os interessados apressadinhos encontrarão.
Pode ser que, enquanto estou fora, poste algumas outras composições dele. Muita poesia, muita graça.
Foto com Adoniran: Zeca Blog - UM CANTINHO... jornalístico, cultural e de lazer (com um texto que vale a pena ler).
http://zecabarroso.blogspot.com.br/2011/03/alma-e-o-humor-de-adoniran-e-vanzolini.html
Foto de brinde: Brazilian Lyirics in English
http://lyricalbrazil.com/category/paulo-vanzolini/
2 comentários:
Bravo! "Paulinho não queria gravar suas composições. Queria que sua obra artística ficasse conhecida por tradição oral."
ISSO É SABEDORIA...
Isso - segundo aprendi com um professora de excelência na Universidade - chamam de "transmissão cultural contextualizada".
O ser humano é tão obcecado pelo 'registro' que, quase sempre, preferimos a possibilidade de registrar do que transmitir em contexto.
Lembro de um tio que me dizia:
"Sabendo ler partitura um sujeito pode mandar uma música que vc nunca ouviu falar lá do Japão que vc saberá tocá-la".
Pois é exatamente essa questão. Como eu posso "saber" tocar uma música da qual não sei mais nada? Não vivi mais nada?
Faca de dois gumes a possibilidade de registro...
Ou seja, tem o lado maravilhoso de poder ao menos tentar recriar uma época; sem ele nem isso teríamos. Na música isso é perigoso porque a linguagem musical não tem um significado excludente em nível algum; ou seja, pode ser que estejamos fazendo o oposto com as notas 'certas'; diferente das que usam linguagem verbal onde o significado primeiro ao menos exclui todos os outros significados, mesmo que ainda sobre o sentido metafórico que recai no mesmo problema da música.
Putz... levantei aceso. Culpa do seu blog, Comini, que me deu insights.
Paulim do céu! Texto "dos mais bacanas"! Mujito legal "fazer o oposto com as notas 'certas'! E muito linda essa coisa de que "...a linguagem musical não tem um significado excludente...". Tudo está de acordo com o que em vejo em você, como ser pensante. Fiquei feliz com seu texto e agradeço! Como agradeço várias observações suas para mim. Grande abraço, cara!
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