No entanto, o que vi, pela TV - e ouvi - ficou muito pior para o Ministro, o que me fisgou na memória, em um átimo, o velho jargão de Jô Soares: "Vai pra casa, Padilha!".
Em meio a divulgação de notícias nada alentadoras sobre o Programa "Mais Médicos", com relato de que vários médicos contratados desligaram-se, ou por causa de grandes distâncias que devem ser percorridas, para chegar ao local onde o serviço deve ser prestado, ou por falta de estrutura material, o Ministro Padilha, admitindo a incidência de falhas na execução do Programa, saiu-se com a seguinte joia, mais ou menos nos seguintes termos (por isto não uso aspas): um médico faz a diferença; se houver uma criança em uma rede, sem qualquer estrutura para tratamento, ainda assim um único médico poderá salvar essa criança.
Assustou-me muito. Há algum tempo atrás, quando foi veiculada a notícia da contratação de médicos estrangeiros, tendo pessoas contrárias à ideia falado de falta de condições de funcionamento dos órgãos de atendimento básico, a Folha de São Paulo publicou texto de pessoa cujo nome não conhecia, e não me lembro, segundo a qual um médico recém formado é melhor do que nenhum. O autor do texto sugeria que se experimentasse uns dois mil. Acendi o alerta: primeiro porque a ideia parece lógica (só parece); segundo porque a proposta implicava indubitavelmente - para mim - depreciação da qualidade do atendimento oficial à saúde; terceiro porque não há como submeter cidadãos a experiências desse tipo, para ver "o bicho que irá dar". Por que o proponente não experimenta com ele? Por que o governo não coloca esses médicos para atender aos ocupantes dos "mais altos cargos" da vida pública? Pimenta nos olhos dos outros...
Note-se bem: não estou discutindo o Programa "Mais Médicos". Ainda estou pensando sobre o assunto. Estou repudiando, explicitamente, a "justificativa" esfarrapadíssima do Ministro da Saúde.
Quietinho em casa estaria fazendo melhor.
Aquela outra proposta, que achei absurda, veio de um desconhecido. Nem repercutiu.
Agora, vem uma - que acho pior - do Ministro da Saúde! Meu Deus! Dizer que, excepcionalmente, a simples presença de um médico pode até ser salvadora - conforme o problema a enfrentar - pode ser permitido a qualquer cidadão. Mas o Ministro da Saúde argumentar com uma eventual exceção? "É demais para os meus sentimentos, tá sabendo?" (Chico Anysio).

Foto: bahr-baridades.
http://blogs.odiario.com/bahr-baridades/category/sem-categoria/page/2/
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