23 de mai. de 2013

FUTEBOL: QUEM RECLAMA TAMBÉM NÃO É ANJO

Ronaldinho Gaúcho Leandro Gueirreiro cabeçada (Foto: Reprodução SporTV)
Arnaldo César Coelho incriminou Ronaldinho
no Bem Amigos. Quanto a isto, está certo.
Mas não falou da ação de Leandro Guerreiro.
Postei aqui um comentário sobre a ausência de anjos em futebol. Dirigentes do Cruzeiro vieram reforçar. Segundo notícia pela tv, buscaram, na Justiça Desportiva, providências contra Ronaldinho Gaúcho, por incitação à violência, dizendo que, na final do campeonato mineiro, fez gesto de lançar uma granada contra a torcida do rival, e porque "agrediu" Leandro Guerreiro.
Não vi o "lançamento de granada". Acredito que tenha ocorrido. Tardelli tem comemorado gols "disparando" uma metralhadora imaginária. Em outro jogo, um companheiro "pediu emprestada" a mesma "arma", para comemorar um gol que fizera.
Esta conduta está frequente em vários times. Vejam bem: escrevi  frequente e não normal. Tenho visto a expressão "normal" usada com o sentido de frequente. Narradores e comentaristas dizem que determinada jogada é normal, falam mesmo em falta normal, como se falta pudesse ser normal. O que é normal não é falta.
Não estou nem defendendo a conduta dos atleticanos, nem repudiando. A conduta denunciada tem sido frequente.
Como acabar com isto? Não sei. Mas penso que poderíamos começar erradicando determinadas expressões criadas por narradores, adotadas por jogadores, e que transmitem a ideia de violência. Jogador raçudo virou guerreiro; centroavante que, como Dadá Maravilha "...não perdoa, marca!", no bordão de Fernando Sasso, agora é matador. E é frequente comentaristas dizerem que determinado jogo vai ser "uma guerra".
Acontece de determinados jogadores gostarem de provocar a torcida adversária, principalmente nos clássicos. Alguns excedem-se. Kleber, jogando pelo Cruzeiro, contra o Galo, marcou e saiu imitando uma galinha batendo asas. É claro que a torcida chia. Um jogador paulista, após marcar contra o São Paulo, dançou, sapateando sobre a bandeira do adversário, para comemorar. A torcida queria partir para a briga.
Infelizmente, não é raro acontecer de a imprensa, buscando emulação para a torcida comparecer, cria ambiente de hostilidade.
A violência no futebol não está só entre jogadores e entre torcedores. Vai muito além disto. Penso que os setores interessados deveriam pensar sobre modos de reduzir violência, e não só criticar, clamando por vandalismo, por punições... Olhar para dentro.
Quanto à cabeçada que Ronaldinho deu em Leandro Guerreiro, concordo que não foi legal. Mas vejamos como são tratados os confrontos individuais. Comentaristas de peso dizem que futebol é jogo de contato. Daí, todo contato vira "normal". Pensem no mesmo Kleber, que jogou no Cruzeiro: quando ia receber uma bola, aguardava o adversário, que sabia estar chegando por trás, com velocidade e violência (para "matar a jogada"). O que fazia? Jogava a bunda para trás, com força, para neutralizar a pancada que certamente iria receber. Acontece que juízes costumam não marcar falta quando o adversário aproxima-se por trás. Pensem, então, em Ronaldinho. Leandro Guerreiro estava "montando" sobre ele, por trás, dentro da área. Juiz dá pênalte? Nem jogo perigoso. A ação de Leandro Guerreiro foi faltosa. O atacante não tem como defender-se. O zagueiro ganha a jogada, irregularmente. Ronaldinho estava sendo empurrado. Só que ninguém marca falta, onde quer que aconteça, naqueles casos de "agarra-agarra" e de "empurra-empurra". Aí, vem o bordão: futebol é jogo de contato.
Verdade é que a ninguém interessa que a violência seja coibida. Nem aos clubes, nem aos árbitros, nem aos dirigentes, nem aos torcedores. Perco agora, ganho mais tarde. Se não houvesse violência no futebol, os comentaristas teriam muito menos a comentar.
Existe anjo não, gente!

Foto: SporTV
http://sportv.globo.com/site/programas/bem-amigos/noticia/2013/05/arnaldo-compara-cabecada-de-r10-em-leandro-guerreiro-com-mma.html

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