3 de jun. de 2014

DIÁRIO DE UMA POMBINHA

Querido diário,


Passei a noite quase toda em claro, quase não preguei os olhinhos, preocupada porque meus meninos não dormiram na árvore onde nasceram. A pombinha não sabe por onde andam. O ninho ainda está vazio. Acho que um ninho vazio é uma coisa absolutamente inútil e triste.
Acalmei-me pela manhã, quando passei por lá e vi os dois empoleirados, um pertinho do outro. Fiquei mais tranquila, ainda, quando vi a habilidade dos dois na arte da camuflagem. Não é muito fácil vê-los, no meio da galharia seca. Percebo que o paparazzi de araque fica desesperado, correndo com a câmera de uma janela para
outra, mas eles não lhe dão mole.
Durante a tarde, encontrei o mais novinho empoleirado sozinho, parecendo triste. Não soube dizer aonde anda o irmão. Fico com medo de que esteja voando atrás de alguma piriguete. Se não tiver juízo, abandona a árvore logo logo e nem vai mais ligar para o irmãozinho. Acho que está muito precoce ainda. Não acha, querido diário? Há muita coisa acontecendo muito precocemente, meu Deus! Essa juventude... Mas já pensou eu de vovó? Vai ser a glória, meu querido!

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