Estou sendo alvo de insistente gozação de meu genro Beto, porque, também insistentemente, afirmo que houve pênalte no lance que precedeu o gol de empate do Brasil contra a Croácia. Não sou de patriotada. Mas venho repetindo, neste cadikim, que estamos em face do anti-futebol, que o futebol não é jogado limpamente. Insisto em que o agarra-agarra na área é uma prática que os juízes não querem coibir. Ora direis: mas, não estando a bola em jogo, não há que marcar falta. Respondo-vos que, mesmo fora de jogo, o juiz pode dar cartão amarelo a quem pratica o anti-jogo. Ninguém vai arriscar-se ao segundo amarelo e imediata expulsão. Falta atitude aos árbitros. Já disse aqui que nenhum jogador passa a mão nas "cadeiras" do adversário, na zona do agrião, em momentos de falta próxima ou corner, simplesmente por motivos amorosos. É o pré-agarra. E quem sabe fazer bem, agarra e solta um pouco depois, fingindo-se inocente, após desestabilizar o adversário e inviabilizar a ação eficaz do atante. Concorre para o sucesso da falta a circunstância de que a maioria das pessoas - o juiz certamente - estará com a atenção voltada para a bola, para o núcleo da jogada.
No caso do pênalte da Croácia, não foi um simples passar de mão, uma carícia amorosa provocante; foi uma puxada do braço esquerdo, próximo ao ombro, com o bloqueio do direito, formando uma alavanca, que teve o poder de desequilibrar Fred.
Sei que estou contra as opiniões de comentaristas. Mas, discutindo com o Beto, argumentei que isso estraga o futebol e que, há tempos (saudades futebolísticas!), não havia a falta proposital "tatica" com a frequência com que a vemos atualmente, mas havia futebol. Um ou outro jogador "malandro" dava-se à prática (comentaristas exaltam a "malandragem" esportiva). Virou moda e a "falta tática" (eufemismo de deslealdade) como modo aceitável de jogar acabou institucionalizada por técnicos menos competentes, e, a final, mesmo por competentes. Beto respondeu-me que, atualmente, o futebol é assim. Ah! Então, já foi diferente, né?...
Reportei-me a Gamarra, zagueiro da seleção paraguaia, que jogou no Corinthians, que, em uma Copa do Mundo (não me lembro qual), disputou as três partidas da primeira fase, sem fazer uma falta sequer.
De fato, hoje não é mais assim. Por isto é que os comentaristas dizem que não foi foi pênalte, que o "agarrãozinho" não foi suficiente para derrubar o jogador. Sem nem pensarem que, se fosse no basquete - verdadeiro jogo de contato e em velocidade maior, com a maioria dos jogadores de grande porte em espaço muito menor - só o toque no braço pelo croata seria bastante para que o juiz marcasse "dois pênaltes". Nas mãos daqueles craques, lance livre é pênalte sem goleiro.
Edição em 29 de junho de 2025.
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