14 de mai. de 2012

FUTEBOL MINEIRO - UMA AVALIAÇÃO.

Começamos com o que até poderão chamar de preconceito: o futebol mineiro vai muito mal! Ora, se vai muito mal, então para que uma avaliação, se já está feita? Esqueçamos avaliação, para falar em constatação.
Deu o que tinha de dar: Atlético. Como poderia ter dado América ou Cruzeiro. Só e só. Entre os quatro finalistas, apenas um time do interior, que não conseguiu sequer ser vice.
Menosprezo aos times do interior? Jeito nenhum! É que, no passado, os clubes do interior mineiro forneciam jogadores para os da capital. Aconteceu algumas vezes de times do interior deitarem água no leite dos da capital. Vejamos: 1960, Siderúrgica, de Sabará, vice-campeão; 1963, Democrata, de Sete Lagoas, vice-campeão; 1964, Siderúrgica campeão; 1991, Democrata, de Governador Valadares, vice-campeão; 1997, Villa Nova, de Nova Lima, vice-campeão; 2002, Caldense, de Poços de Caldas, campeã, Ipatinga, de Ipatinga, vice; 2005, Ipatinga campeão; 2006, Ipatinga vice. Está no Almanaque do Cruzeiro, de 1958 para cá, exceto quanto ao ano de 1933, em que o Villa Nova foi campeão e o Tupi, de Juiz de Fora, vice. Mas, pelo que me lembro, o mesmo Villa Nova foi campeão, em 1951, com um gol de Vaduca que, mais tarde, retribuiu, marcando o gol para o Atlético ser campeão contra o Cruzeiro,em 1956. Vários clubes do interior disputavam o mineiro: Asas (Lagoa Santa), Metaluzina (Barão de Cocaís), Sete de Setembro (Belo Horizonte, tendo por sede o Estádio Independência), Olimpic (Barbacena), Tupi e Sport (Juiz de Fora), Uberaba, Uberlândia, Democrata e Bela Vista (Sete Lagoas), dentre outros. A maioria desses clubes permaneceu por tempo considerável disputando o campeonato estadual. Alguns cairam no esquecimento (não sei quais fecharam as portas, quais só se afastaram do campeonato). O Sete de Setembro é um deles. Ocupou, por muito tempo, o estádio Independência, que agora pertence ao América (não vou omitir que será administrado pelo Atlético, porque não consigo entender como o estádio pertence a um - ouvi isso em pronunciamento do Governador - e é administrado por outro). Pois bem. Com três times mais fortes na capital, e um conjunto de times em que ora se sobressaía um, ora outro, o futebol mineiro ganhou força, na "era Mineirão".
De uns tempos para cá, com o advento das regras de acesso, temos autêntica "dança das cadeiras". O sobe-desce caracteriza a participação dos interioranos no campeonato. Os clubes do interior, de celeiro que eram, passaram a buscar jogadores que os da capital queriam amadurecer, ou descartar. Não pode dar certo. Como não tem dado. Jogador formado no interior deseja crescer no clube, para conseguir galgar a escada que leva ao sucesso nacional (a meta, agora, é internacional). Jogador de clube grande que vai ao interior só pensa em voltar (quando não em ir para a Europa). Nenhum compromisso com o clube que temporariamente irá defender.
Acredito que há muitos craques espalhados pelo interior, apesar de vermos poucos aproveitados. Ouvi, hoje, comentário do Elano, de que, no Santos, passou por duas gerações de jovens craques e que isto lhe foi muito proveitoso. Trabalho de renovação eficaz.
O Flamengo de 1953/55 renovou. De um time com o famoso "rolo compressor", de Joel, Rubens, Índio, Benitez e Esquerdinha, em 1953, trocou os dois últimos por Evaristo e Zagallo, em 1954, Rubens por Paulinho e Evaristo por Dida, em 1955. Em seguida lançou Moacir e Henrique. Joel, Moacir, Dida e Zagallo foram para a seleção de 1958. Uma renovação proveitosa.
O Cruzeiro formou aquele timaço, renovando. O Atlético, idem.
Por que isto não acontece mais? Por que os clubes do interior não formam base? Será por falta de garantia de manter jogadores que revelarem? Será que a Lei Pelé foi um retrocesso? Afinal, mesmo fora de Minas Gerais, não temos mais campeonatos com quatro ou cinco times fortes, como era antes.
Penso que pode ser profícuo avaliar isto. Afinal, há muito dinheiro envolvido com futebol, o que admite pensar que poderia ser melhor administrado.
O que não podemos admitir, no quadro das possibililidades financeiras (TV paga, patrocinador patrocina...) é que Atlético e Cruzeiro tenham escapado da segunda divisão do brasileiro e o América tenha sido rebaixado.
Pôxa! Mas eu deveria estar falando do Atlético ser o campeão?
Aí é que mora o perigo. O brasileiro está aí e estamos comemorando um campeonato em que, dos três principais concorrentes, um está na segunda e os outros dois quase foram para lá.
É nada animador. Apesar das gritarias intencionais dos narradores de Rádio e de TV.

PS.: A foto aí de cima é nada bonita. Mas preferi porque, na transmissão do jogo de ontem, vi o André, do Atlético, suspenso, assistindo ao jogo de um lugar que me pareceu aquele. Achei muito feio. Parecia estar em um compartimento para presos. Deusmelivre!

Foto (Estádio Independência): Casa Fora do Eixo/São Paulo.
http://casa.foradoeixo.org.br/blog/2012/02/acessibilidade-geral-e-irrestrita/independencia-visao_primeira_fileira_tercei_o-_piso_gecom/

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