25 de jul. de 2014

O VELHO JOGO DE EMPURRA

Filho feio não tem pai, mesmo! Estamos diante de dois fatos, duas notícias amplamente desfavoráveis, nenhum deles tem pai. Vamos lá:
O tal viaduto em Belo Horizonte, caminho para quem queria assistir a jogos da copa (podem dizer que não, mas está no caminho do estádio). Desabou antes da festa e logo começou a discussão sobre culpas. Agora, depois de uma perícia encomendada pela executora da obra, diz esta que foi erro de projeto. Legal! Um erro desse tamanho e quem faz, com capacidade e experiência profissionais (os editais costumam exigir), vem repassar a responsabilidade para o projeto (disse que cumpriu exatamente e que não é tarefa dele refazer cálculos). A empresa que elaborou o projeto diz que os cálculos estão corretos. A prefeitura, dona da obra, prefere aguardar o laudo da Polícia.
Enquanto isto, sob ameaça de desabamento de outra alça do mesmo viaduto, cidadãos foram recomendados, pela Defesa Civil do Município, a deixar suas casas. Pelo jeito, serão encaminhados a hotéis, até que passe o perigo. Muitos reclamam que isto alterará muito seu dia-a-dia, freqüência de crianças às escola, inclusive. Ora direis: mas que folgados! Vão ser acolhidos em hotéis e ainda reclamam! Dirá o cadikim: mas esses cidadãos já moravam lá, antes da construção do viaduto, uai! Reparar danos consiste em pelo menos manter a situação dos alcançados nas mesmas condições em que estavam antes. Justiça demora e isto estimula o empurrar com a barriga (como vem sendo feito há muito tempo, em vários lugares). De concreto, mesmo, o jogo de empurra.
Werther Santana/Estadão
O outro fato, em outra área, é a situação dos hospitais filantrópicos, que constituem um segmento representativo do atendimento pelo SUS. Finanças muito comprometidas, dizem que o Estado não repassa verbas do SUS e que este não atualiza as tabelas, pagando muito pouco pelos serviços. Vem o Estado e diz que repassa sim. Vem o SUS e diz que atualiza sim. Repete-se o jogo de empurra.
Jogo que, ao contrário (jogo de puxa) foi ironizado por Juca Chaves, em "Brasil já vai à guerra", quando o governo brasileiro comprou um porta-aviões. Disse o menestrel maldito que o negócio deu origem a uma peninha: "é meu, diz a Marinha; é meu, diz a Aviação".
Seria bem melhor assim. Pelo menos aparece o pai da criança feia.

Para quem quiser ouvir, com Juca Chaves:
http://letras.mus.br/juca-chaves/209261/


Imagens:
Viaduto: O GLOBO
http://oglobo.globo.com/brasil/viaduto-desaba-em-belo-horizonte-mata-dois-deixa-22-feridos-13121965

Santa Casa São Paulo: ESTADÃO

Juca Chaves (estilizado): Prefeitura de Pirenópolis.
http://www.pirenopolis.go.gov.br/2457/noticias/secretaria-de-cultura-esporte-lazer-e-juventude/juca-chaves-fara-show-em-pirenopolis/



Nenhum comentário: